O negócio envolveria a compra até da totalidade das ações da Eletropaulo a R$ 28 por papel
A italiana Enel tomou a frente em uma intensa disputa pela aquisição da maior distribuidora de energia do Brasil em faturamento, a Eletropaulo, ao apresentar nesta terça-feira uma nova proposta pela elétrica que pode envolver um desembolso total de R$ 5,7 bilhões.
O negócio envolveria uma oferta pública para a compra até da totalidade das ações da Eletropaulo a R$ 28 por papel, o que somaria quase R$ 4,7 bilhões, e ainda um compromisso de aporte de pelo menos R$ 1 bilhão na empresa em até 60 dias após a última aprovação regulatória do negócio, segundo comunicado da Enel.
O movimento do grupo italiano vem no mesmo dia em que a Eletropaulo comunicou um acordo de investimento com a Neoenergia, do grupo espanhol Iberdrola, que havia se comprometido a apresentar uma oferta pública de compra da empresa por R$ 25,51 por ação.
Mas a validade da oferta da Enel fica sujeita ao cancelamento pela Eletropaulo de uma oferta de ações recém-aprovada pela companhia, que envolveria uma distribuição primária de ao menos 58,9 milhões de ações.
A concorrência pela compra da distribuidora, responsável pelo fornecimento na região metropolitana de São Paulo, começou no final de março, quando a própria Enel apresentou uma proposta à Eletropaulo para participar da oferta pública em preparação pela empresa. Os valores da oferta não foram divulgados na época.
Pouco depois, em 5 de abril, o grupo brasileiro Energisa divulgou uma oferta pública de aquisição do controle da companhia por R$ 19,38 por ação.
Em fato relevante após o fechamento do mercado nesta terça-feira, a Energisa afirmou que a oferta pública da companhia para aquisição de até a totalidade das ações da Eletropaulo possui caráter "imutável e irrevogável", exceto nas hipóteses previstas em item sobre revogação ou modificação da oferta do edital.
"As hipóteses de modificação ou revogação da Oferta não foram verificadas até o momento, de forma que a Companhia reitera os termos e condições constantes do Edital, inclusive no que tange ao preço ofertado (R$ 19,38 por ação ordinária da Eletropaulo)", disse a Energisa.
Em meio à briga pelo ativo, os papéis da Eletropaulo fecharam em alta de quase 25%, a R$ 27,36, nesta terça-feira.
Com isso, as ações alcançam um nível que representa alta de cerca de 55% frente ao preço visto antes do início das ofertas pela empresa, de R$ 17,68.
A Eletropaulo vinha comunicando que a norte-americana AES poderia vender sua fatia na empresa, onde é a principal acionista junto ao braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar).
A Reuters publicou com informação de uma fonte em 28 de fevereiro que a saída da AES poderia ser viabilizada por meio de uma oferta pública primária e secundária em preparação pela Eletropaulo.
Em entrevista à Reuters no último dia 12, o presidente-executivo da Enel, Francesco Starace, havia afirmado que olhava aquisições na América Latina, citando o Brasil.
AVALIAÇÃO
A Enel disse que sua oferta de aquisição das ações da Eletropaulo poderá ser concluída por meio de um leilão previsto para 18 de maio, segundo comunicado da companhia.
A Eletropaulo disse que "está avaliando os termos e impactos" da oferta e divulgará ao mercado em até 15 dias um parecer prévio fundamentado sobre o negócio.
A manifestação avaliará a conveniência e oportunidade da oferta do ponto de vista da empresa e de seus acionistas, inclusive em relação ao preço e aos potenciais impactos para a liquidez das ações.
Planos estratégicos divulgados pela Enel em relação à companhia e possíveis alternativas à aceitação da oferta também serão levados em consideração, de acordo com a empresa.
A Eletropaulo é a maior concessão de distribuição de eletricidade do país em termos de faturamento e energia transacionada.
A Enel controla distribuidoras de energia no Rio de Janeiro e no Ceará, além de ter ativos de geração e grande presença em fontes renováveis.
A Neoenergia tem operações de distribuição na Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e no interior de São Paulo, além de ativos de geração e transmissão. Já a Energisa controla nove distribuidoras em diversos Estados e atua também em linhas de transmissão. (Por Luciano Costa, com reportagem adicional de Roberto Samora) Reuters Leia mais emepocanegocios 18/04/2018
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Ruy Moura
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