30 agosto 2016

Freio em aquisições faz bancos perderem US$ 32 milhões este ano

De janeiro de 2015 até julho deste ano, 21 operações em curso naufragaram

Os efeitos da recessão econômica estão sendo sentidos muito além do aumento do desemprego e da queda nas vendas da indústria e do varejo. O clima de incerteza vem fazendo emperrar operações de fusão e aquisição entre empresas, que acabam não sendo concluídas. Com isso, os bancos que fazem a assessoria financeira dessas transações vêm perdendo receitas milionárias. De janeiro do ano passado até julho, nada menos que 21 operações de fusão e aquisição, envolvendo cerca de US$ 14,3 bilhões, naufragaram no meio do caminho, mostram dados compilados pela consultoria Dealogic.

No mundo dos grandes bancos de investimento, que são os responsáveis pela maior parte das operações de grande porte, os contratos preveem o recebimento somente em caso de sucesso do negócio. Se as transações são canceladas ou contestadas, as instituições não recebem nada, ou quase nada. Segundo a Dealogic, as receitas perdidas pelos bancos que atuam no país já somam US$ 89 milhões no período, sendo US$ 32 milhões apenas neste ano.

"Os bancos menores e consultorias ainda cobram uma remuneração mensal além da taxa de sucesso, mas os grandes bancos trabalham apenas com essa cláusula de sucesso. A praxe é prever qual a receita esperada com a transação. Quando a operação não é concluída, não só essa receita não se confirma como os bancos ainda têm que arcar com despesas do processo", explica Carolina Lacerda, consultora de fusões e aquisições.

US$ 57 bilhões
Os valores dessas perdas de receita não é tão alto para as receitas totais dos bancos, mas são ruins em um ambiente já fraco de negócios para os bancos de investimento.

Em 2011, o volume de perdas de receitas com operações não levadas a cabo foi elevado: US$ 104 milhões. No ano anterior, o setor assistira um recorde nas fusões e aquisições no país: US$ 157,06 bilhões. Além disso, outras atividades de bancos de investimento, como emissões de títulos de renda fixa e de ações, também estavam em alta, minimizando essas perdas de receita.

Neste ano, as ofertas de ações praticamente inexistem e poucas empresas se arriscam a emitir títulos de dívida, no Brasil ou no exterior.

Segundo especialistas, o motivo mais comum para os fracassos de fusões ou aquisições é a discordância em torno de preços ou das participações acionárias (no caso de fusões). No contrato inicial, o vendedor pode estipular um preço com base em seu volume de vendas. Mas, ao longo do processo, percebe que as receitas são menores que o esperado, o que leva o comprador a desistir do negócio se o preço não cai.

Divergência de preço
A falta de consenso sobre esses termos foi o que levou, na semana passada, ao fim das conversas entre Restoque, dona das marcas Le Lis Blanc e Rosa Chá, e Inbrand, que detém a Ellus e Richards, que desistiram da fusão.

Outro fator comum para a frustração dessas transações são as contingências trabalhistas, fiscais e ambientais.

"Os negócios que não saíram, na maior parte, foi em razão das expectativas de valor, que não se confirmaram. Além disso, os diversos tipos de contingências acabam elevando riscos da operação, principalmente para estrangeiros", explica Carolina.  AGÊNCIA O GLOBO - Leia mais em epocanegocos.portaldoholanda 30/08/2016

30 agosto 2016



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