17 março 2015

Aquisição no exterior este ano ‘é desejável’

Os executivos da BRF ainda comemoravam os resultados do quarto trimestre de 2014 em fevereiro passado quando protestos de caminhoneiros por vários Estados do país afetaram as operações da companhia. Por dois a três dias, a BRF teve de paralisar totalmente duas unidades do Paraná e parcialmente outras plantas do Sul do país por falta de insumos e porque manifestantes impediam o trânsito de caminhões carregados de produtos.

Agora, já está tudo normalizado, mas Augusto Ribeiro Junior, vice-presidente de finanças e relações com investidores da BRF admitiu que a empresa "teve perdas que vão aparecer no primeiro trimestre" em decorrência dos protestos, mas não estimou efeitos nas margens. Observou, contudo, que, num esforço concentrado, a BRF conseguiu fazer reposição rápida de produtos nos centros de distribuição. Além disso, o que deixou de ser embarcado em fevereiro para exportação, está sendo embarcado este mês, segundo ele.

Não à toa há preocupação com os embarques. Para Ribeiro, "há um ciclo positivo para exportador brasileiro" em função da valorização do dólar ante o real. Ciclo que, obviamente, a BRF não quer perder. Mas, segundo o executivo, há um desafio neste momento em que as exportações estão mais competitivas: equilibrar os preços em dólar sob o risco de pender vendas para a concorrência. "O câmbio sobe muito e, se eu não mexer [nos preços] daqui a pouco, fico com margens fantásticas e naturalmente outros concorrentes começam a ofertar [mais barato]".

No atual quadro mais turbulento da economia, a operação da BRF no Oriente Médio também tem gerado notícias positivas. Conforme o executivo, a marca de frango congelado Sadia ganhou 11 pontos de participação de mercado naquele mercado em 2014, impulsionada pela compra de fatias de empresa de distribuição de alimentos. Além disso, a BRF também inaugurou uma fábrica de processados em Abu Dhabi, em novembro passado. Diante da boa resposta da demanda na região, a empresa vai ampliar o volume produzido na unidade. "Agora, estou colocando mais volume [na fábrica]", afirmou ele, sem dar detalhes.

Com a operação reforçada no Oriente Médio, Ribeiro indicou que há menor interesse por aquisições na região, onde no ano passado a BRF chegou a negociar com a Americana, sediada no Kuwait. "Quando você coloca tudo isso no prato, não sei se quero fazer uma aquisição lá", afirmou.

Ribeiro também disse ser "desejável" que uma aquisição no exterior ou joint venture ocorra ainda este ano, e acrescentou que o foco da BRF são os "mercados emergentes, onde estão as principais taxas de crescimento. O plano é fazer aquisição ou parcerias nessas regiões para termos expansão inorgânica".

Um mercado-alvo é a China, onde a BRF desfez uma joint venture com a Dah Chong Hong (DCH), mas busca um novo parceiro, que permita colocar a marca Sadia nas gôndolas do varejo do país. "Conversamos com vários players, incluindo a Cofco, mas ainda não há definição", garantiu.

Recursos para uma possível aquisição não são problema para a BRF. Além de R$ 5 bilhões em caixa, a companhia tem disponível US$ 1 bilhão numa linha de crédito rotativo, além de cerca de US$ 700 milhões que chegarão ao caixa da empresa quando o Cade aprovar a venda da divisão de lácteos para a francesa Lactalis. A expectativa é que a aprovação saia no primeiro semestre.

Embora tenha admitido que algumas oportunidades de aquisição possam ter sido perdidas, Ribeiro defendeu a estratégia da BRF. "Somos diferentes de algumas empresas, e não é questão de certo ou errado. Você perde oportunidades, perde velocidade. Em compensação, preparamos o nosso balanço para fazer movimentos inorgânicos que não coloquem o meu investment grade em risco", argumentou.

Indagado sobre um eventual risco de rebaixamento da nota de crédito da empresa no caso de o Brasil perder o grau de investimento, Ribeiro disse confiar que, com o ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o país "não está no caminho de ter rebaixamento". Além disso, a BRF mira uma elevação de sua nota, afirmou, lembrando que a perspectiva conferida pela Standard & Poor’s (S&P) à BRF é "positiva". Fonte: Valor | Por Alda do Amaral Rocha e Luiz Henrique Mendes | De São Paulo Leia mais em alfosin 17/03/2015

17 março 2015



0 comentários: