21 março 2015

Como atrair investidores para o meu negócio?

Não gastar muito tempo para apresentar sua proposta é essencial

A falta de objetividade é uma verdadeira praga nas apresentações que vêm sendo feitas para investidores, tanto em operações de fusões e aquisições como em diversos venture fóruns onde empreendedores mostram o potencial de seus negócios. Acredite: os profissionais que expõem seus negócios e suas ideias brilhariam muito mais se fossem direto ao ponto.

Um exemplo do que estou falando pode ser ilustrado em uma situação que vivenciei. Certo dia fui chamado em caráter de emergência pelo Diretor Presidente de uma grande empresa que estava realizando uma vultosa emissão de títulos de dívida. O problema dele? Ele tinha em mãos uma apresentação com dezenas de slides, mas só dispunha de meros 20 minutos para mostrá-la a uma seleta e exigente audiência de investidores e analistas internacionais. Poucos dias depois acabamos com apenas 8 slides. Pode lhe parecer pouco, mas saiba que eles continham tudo que era necessário para o executivo mostrar as forças e vantagens competitivas de sua empresa, o potencial de criação de riqueza contida em seus planos de negócio e sua convicção na geração de caixa para fazer frente à dívida que estava sendo contratada.

A pergunta que fica no ar é: por que ele e sua equipe interna já não desenvolveram os meros 8 slides desde o começo? Em geral, porque confundem a quantidade de slides com a qualidade da apresentação. Em situações especiais como aquela eu recomendo a combinação de clareza, concisão e objetividade. Quanto menos, melhor, ou podemos utilizar a máxima de que “mais é menos”. A regra de ouro é expor as ideias em poucas palavras - ou, melhor, no mínimo de slides possível. Isso significa ir direto ao ponto, ser exato, preciso nas informações e orientar a lógica que norteia sua conclusão.

A falta de concisão e objetividade é um problema coletivo e que se agravou os últimos tempos. As empresas perdem horas e mais horas em reuniões que poderiam ser resolvidas rapidamente. No caso dos investidores e analistas o problema é ainda pior, pois atualmente estão saturados pela sobrecarga de informações e pelas inúmeras opções de investimento existentes. Ninguém mais tem tempo para apresentações de duas horas. O tempo tornou-se um bem valiosíssimo no meio corporativo e no mercado de capitais, onde em minutos podem ser tomadas decisões que envolvem ganhos ou perdas significativas. A última coisa que um investidor quer é um encontro com um empreendedor ou um empresário que comparece munido de toneladas de dados e informações para mostrar quão preparada e profissional é sua empresa. Lamento informar, mas o tiro sairá pela culatra. Em outras palavras, em vez de impressionar, o executivo poderá estar depreciando seu negócio e comprometendo a sua atuação profissional porque desperdiçará o tempo e a paciência de todos. Parta do princípio de que o investidor vai lhe agradecer a informação que não recebeu, mas sim pelo conhecimento e pelo insight que pode gerar. Isso mesmo: a informação que não recebeu.

Empreendedores e os principais executivos são os melhores porta-vozes diante de investidores, analistas e imprensa especializada. Esse profissional detém o conhecimento: Essa é a boa notícia. O que importa está à mão, ou melhor, na cabeça, a cabeça do empreendedor. Podemos garantir que não está nos dados, nas planilhas, nos relatórios sem fim. Mais especificamente, está no que o empreendedor pensa e conclui ao interpretar os mesmos. Estou falando de conhecimento: as conclusões, a visão e os rumos a tomar sobre o tema em pauta.

Não se debruce inutilmente sobre dados, informações e avaliações macroeconômicas de sua empresa, do setor e do país. Todos investidores transitam diariamente por eles e estão mais que familiarizado com esses temas. Extraia com disciplina seus pensamentos, suas percepções e expectativas sobre seu negócio ou sua empresa e coloque-os no papel. Por Valter Faria - sócio da PreZento, consultor de empresas, especialista em governança corporativa, relações com investidores e estratégia de comunicação financeira.  Leia mais em administradores 20/03/2015

21 março 2015



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