20 março 2015

TIM, MasterCard e Caixa fazem parceria para "mobile money"

Serviço começou a ser testado nesta semana

A TIM, a gestora de cartões MasterCard e a Caixa Econômica fizeram uma parceria para lançar um serviço que usa o celular como meio de pagamento e operações de débito e saque, conhecido como "mobile money", informaram as companhias com exclusividade ao Valor Econômico. O TIM Multibank Caixa começou a ser testado nesta semana como teste-piloto em Curitiba (PR), Natal (RN) e Uberlândia (MG). Com isso, a subsidiária da Telecom Italia deixa de ser a única grande operadora de telecomunicações ausente do segmento de serviços financeiros no Brasil.

A Oi lançou inicialmente um serviço de pagamento por celular em 2007. Três anos depois evoluiu o produto por meio de parceria com a gestora de cartões Cielo e o Banco do Brasil, com atuação nacional. A Vivo aliou-se à MasterCard em uma joint venture, da qual surgiu a Zuum, há ano e meio, presente em Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Salvador (BA) e Sergipe (BA). Outra joint venture, a MPO, foi formada pela Claro, do grupo América Móvil, e Bradesco, que passou do piloto em algumas localidades, desde outubro de 2013, para oferta nacional no início de 2015.

Marcelo Tangioni, vice-presidente de produtos da MasterCard Brasil e Cone Sul, disse que o modelo de participação da gestora é diferente na TIM e na Vivo. Na empresa do grupo Telefônica, a MasterCard fez um investimento como sócia na Zuum. Já com a TIM, a atuação é como parceira de tecnologia e de negócios.

Embora ainda recente e com pouca adesão comparado ao mercado total de 281 milhões de celulares no país, o "mobile money" é uma das mais recentes apostas das empresas para inovar, conquistar e reter clientes. A procura por receita adicional fora do serviço principal de telecomunicações tem levado as operadoras cada vez mais a investir em conteúdo.

As compras globais feitas por meio de celulares e tablets foram estimadas em 72 bilhões de transações em 2014 e poderão alcançar 195 bilhões em 2019, segundo a empresa de pesquisa britânica Juniper Research.

No Brasil, a Febraban, que representa os bancos, informa que as transações em "mobile banking" [movimento de conta corrente via dispositivos móveis] cresceram mais de 184% em 2013, comparado ao ano anterior, para 2,3 bilhões de transações, enquanto em 2009 foram realizadas apenas 12 milhões. Segundo a Febraban, a evolução desse canal acompanhou o ritmo de crescimento de usuários de smartphones.

No caso da TIM, as três cidades escolhidas para piloto tiveram como atrativo o fato de garantirem, juntas, cerca de 40% de participação de mercado à operadora, com 5,6 milhões de clientes, segundo Roger Solé, diretor-executivo de marketing da empresa. O potencial para adesão desses usuários ao serviço é considerado relevante para os parceiros.

Depois de testar o modelo e corrigir eventuais falhas, a TIM planeja estender o serviço para nível nacional. Os clientes podem pagar contas, fazer transferência de dinheiro eletronicamente para clientes da Caixa, sacar com um cartão de débito opcional da MasterCard em todos os caixas eletrônicos da rede da Caixa e fazer depósitos, inclusive nas casas lotéricas e rede postal.

Para aderir ao serviço das teles basta ser maior de 16 anos, ter CPF válido e um celular, mesmo o mais básico, de segunda geração (2G). Não é preciso comprovar renda e nem há restrições de nome, pois a conta é pré-paga: o cliente só pode gastar o saldo disponível.

No serviço da TIM, o limite para depósitos é de R$ 5 mil por mês, conforme regulamentação do Banco Central, disse Mario Ferreira Neto, diretor de cartões da Caixa Econômica e meios de pagamento eletrônicos. A adesão ao cartão de débito custa R$ 15, valor que, por enquanto, retorna como saldo para o cliente, e a única tarifa cobrada, por enquanto, é de R$ 3,90 por saque. As empresas não informaram as tarifas que vão vigorar após a fase de testes.

A Oi cobra R$ 30 pela recarga mínima inicial, dos quais R$ 10 são destinados ao cartão do Banco do Brasil e R$ 20 retornam em bônus de minutos no celular, disse Abel Camargo, diretor de estratégia e novos negócios da operadora. O primeiro saque do mês é grátis e, a partir do segundo, o custo é de R$ 1. Além disso, há uma mensalidade de R$ 8.

Com 360 mil clientes para seu serviço, a Zuum cobra R$ 2,90 por saque. A taxa por transferência de dinheiro e cada pagamento de conta é de R$ 0,99. O usuário que quiser comprar o cartão de débito da MasterCard paga o valor único de R$ 14,90. Para os usuários da Vivo, essas tarifas são devolvidas em minutos no celular, disse Eduardo Abreu, diretor de marketing e produtos da Zuum. Não há cobrança de anuidade nem mensalidade.

"Cinquenta e cinco por cento da população brasileira recebe pagamentos em dinheiro", diz Tangioni, da MasterCard. Esse é o público-alvo para o serviço. Entre a população nacional, 40% não têm acesso a sistemas financeiros. O objetivo de inserir 55 milhões de brasileiros ao sistema levou o Banco Central a facilitar o cadastro e adesão dos consumidores ao serviço de banco por celular.

Tangioni cita estudo global da MasterCard que indicou que o custo do dinheiro (papel) nas economias mundiais é de 0,5% a 1,5% do PIB dos países, dependendo de cada caso. Esse custo é relativo à captação da matéria-prima, produção do papel-moeda, armazenamento e distribuição. Por isso, afirma que a inclusão financeira, por meio do "mobile money", traz benefícios não só para a sociedade, mas também para os governos.

A segurança para transações pelo celular é igual ou maior do que na rede lotérica, disse Ferreira Neto, da Caixa Econômica. Mas destaca: "Não existe sistema 100% imune a falhas." As transações pelo celular têm a segurança do cartão e de transações bancárias de pagamento, disse.

Ferreira Neto afirma que os clientes do TIM Multibank podem pagar suas contas de serviços públicos de mais de 700 concessionárias no Brasil por meio do celular.

Para o diretor da TIM, o fato de lançar o serviço por último, enquanto a Oi já atua em nível nacional, não tem impacto significativo por enquanto, pois o serviço ainda está em fase inicial e não representa um negócio relevante para as empresas. Futuramente, sim, os serviços financeiros representarão um diferencial importante, disse Roger Solé. Até lá, espera que a operação da TIM já tenha se expandido para todo o país.

"O 'mobile money' é incipiente ainda. É uma maratona. Muitas empresas entraram nesse mercado pensando que iam reverter o cenário. Mas não é assim. Quem entrar com essa mentalidade vai se dar mal", disse Tangioni, da MasterCard. "Tem mercado que demorou dez anos para amadurecer." O executivo diz que as maiores expansões mundiais ocorreram onde o sistema financeiro e meio de pagamentos são pouco desenvolvidos, com o sistema de telecomunicações avançado. Alguns governos usaram esse modelo para fazer a inclusão no sistema financeiro. "Dará certo no Brasil, mas será uma evolução lenta. Queremos fazer bem-feito, por isso o piloto não tem prazo para terminar", afirmou.  Fonte: Valor Econômico Leia mais em eletrolar 20/03/2015

20 março 2015



0 comentários: