Os próximos meses prometem ser conturbados para os lados conglomerado japonês Softbank Group. Isso porque o seu braço de investimentos em empresas de Tecnologia, o Vision Fund apresentou um gigantesco déficit operacional de US$ 18 bilhões, puxado pela crise nas empresas de seu portfólio global, que inclui unicórnios brasileiros como a Gympass, Loggi, Creditas e Banco Inter, entre outras.
Dentro do prejuizo registrado pelo Vision Fund, estão perdas de quase US$ 10 bilhões na WeWork - startup de compartilhamento de escritórios - e também na Uber. Dos US$ 18 bilhões de déficit anunciado pelo Softbank, pouco mais de US$ 13 bilhões vieram do braço de investimentos do grupo.
A pandemia da COVID-19 foi considerada a grande causa para os prejuízos anunciados, afirmou Masayoshi Son, CEO do Softbank. Ele comparou a crise à Grande Depressão, de 1929, ao anunciar a apresenção de resultados. Son disse que alguns de seus unicórnios tecnológicos caíram "no vale do coronavírus". "Acredito que alguns deles voarão sobre o vale", acrescentou o executivo, parado ao lado de um slide que mostrava unicórnios de desenhos animados caindo em um buraco enquanto um unicórnio alado solitário escapava para o outro lado.
Água abaixo
A divulgação dos resultados atuais do Softbank é consolidação de dois trimestres consecutivos de perdas antes das empresas do grupo serem atingidas de vez pela COVID-19. O Vision Fund administra US$ 100 bilhões, sendo que a divisão investiu US$ 75 bilhões em 88 startups. No final de março,o valor de mercado combinado dessas empresas é de US$ 69,6 bilhões. O próprio SoftBank Group registrou perdas de US $ 7,5 bilhões em outros investimentos em tecnologia que, segundo a companhia, foram atingidos pelo choque econômico causado pela pandemia do coronavírus. Mas o fato é que a crise apenas exacerbou os problemas subjacentes - e que já vinha de trimestres anteriores - em muitas das apostas do grupo em startups, cujo modelo de negócios nunca se sustentou.
Pressionado pelo fundo de hedge americano Elliott Management, Masayoshi Son terá de fazer recompras de ações do Softbank para valorizar os papeis do grupo, além de tomar uma série de medidas para reforçar a governança, principalmente no Vision Fund. Além disso, o executivo afirmou que o SoftBank aumentaria em US$ 11,6 bilhões a sua participação no grupo chinês Alibaba.
Próximos meses serão desafiadores
Durante o anúncio de seus resultados, o SoftBank forneceu poucos detalhes sobre as empresas que registram baixas contábeis. No entanto, o conglomerado ofereceu uma análise setorial, mostrando que os investimentos em construção e imóveis valiam menos da metade do preço de custo, com os principais investimentos de transporte também indicando perdas. A empresa também alavancou seus investimentos para fornecer mais fundos para outras apostas - uma estratégia que vem ganhando cada vez mais críticas, à medida que os maus resultados aparecem - com prejuízos até maiores que a estimativa revisada do grupo apenas no mês passado.
Alguns dos maiores prejuízos, no entanto, são irrecuperáveis. A operadora de satélites OneWeb, apoiada pelo dinheiro fora do Vision Fund, entrou com pedido de falência no final de março, depois que o conglomerado se recusou a fazer uma nova rodada de investimentos na empresa. Parte dos valores investidos na WeWork também foi considerável "fundo perdido".
Ainda durante o anúncio dos resultados, o grupo apontou para outras dificuldades, dizendo que "a incerteza em seus investimentos permanecerá durante o próximo ano fiscal" se a pandemia continuar. Além disso, pela primeira vez, Masayoshi Son recusou-se a estabelecer dividendos para o ano fiscal atual.
O Softbank ainda prometeu a venda ou monetização de US$ 41 bilhões em ativos. Parte desse valor será usado, parcialmente, para financiar uma recompra de ações no valor de US$ 23 bilhões ao longo do ano fiscal, com o objetivo de aumentar o valor de seus papeis, como citado anteriormente. No final de abril, o Softbank já havia gasto US$ 2,3 bilhões para esse processo. Rui Maciel Canaltech Leia mais em yahoo 18/05/2020
18 maio 2020
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segunda-feira, maio 18, 2020
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Ruy Moura
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