A agência de classificação de risco Moody's revisou a perspectiva da nota do Brasil de negativa para estável, o que reduz a chance de novo rebaixamento da nota de crédito do País no curto prazo. A nota atual do Brasil na Moody's é "Ba2", dois degraus abaixo do grau de investimento.
"A Moody's acredita, em resumo, que os riscos negativos para o crescimento e as incertezas relacionadas ao ímpeto para reformas, que levaram à atribuição da perspectiva negativa para o rating Ba2 em maio do ano passado, diminuíram", disse a agência em comunicado.
A agência lista dois fatores para a mudança da perspectiva da nota. O primeiro é a expectativa de que reformas para preservar a sustentabilidade fiscal e estabilizar as métricas de dívida no médio prazo serão aprovadas pelo próximo governo. O segundo é a perspectiva de crescimento econômico mais forte que o esperado no curto e médio prazo, sustentado por reformas estruturais prévias, que, na análise da agência, darão suporte aos esforços de consolidação fiscal.
A revisão da perspectiva da Moody's vai na contramão do que foi feito pelas outras duas agências de risco, a Fitch e a SP Global. A agência de classificação de risco Fitch cortou, em 23 de fevereiro, a nota de crédito do Brasil, com perspectiva estável. A nota foi reduzida de "BB" para "BB-", o que manteve o Brasil dentro do grupo de países considerados maus pagadores de suas dívidas.
Na Fitch, o País está três níveis abaixo do grau de investimento, espécie de selo de bom pagador. A perspectiva melhorou de negativa para estável, o que reduz o risco de novos rebaixamentos nos próximos meses.
A Fitch foi a segunda agência a rebaixar a nota do Brasil. Em 11 de janeiro, a agência S&P Global cortou o rating brasileiro de "BB" para "BB-", no primeiro rebaixamento por uma agência no governo do presidente Michel Temer. O atraso nas reformas e as incertezas sobre a eleição presidenciável deste ano estão entre os principais fatores que pesaram na decisão da S&P.
País poderá voltar ao grau de investimento, afirma Fitch
Brasil está firmemente posicionado na categoria "duplo B" com perspectiva estável, de acordo com o head Latam da agência de classificação de risco Fitch Ratings, Peter Shaw. A possibilidade de o País descer mais um grau na escala, conforme ele, é a principal pergunta dos investidores em relação ao País. Mas, embora ainda apresente fraqueza em suas finanças públicas, segundo Shaw, o País não está exposto à volatilidade externa e apresentou melhoras do ponto de vista da demanda doméstica.
Em 26 de fevereiro, a Fitch rebaixou o IDR (Issuer Default Rating - Rating de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) de Longo Prazo em Moeda Estrangeira do Brasil para "BB-", de "BB", e revisou a perspectiva para estável, de negativa antes. "O caminho do Brasil ao retorno do grau de investimento será longo, mas poderia ser acelerado com consolidação fiscal, estabilização do endividamento e um ambiente de atração de investimento, crescimento e ainda um ambiente mais estável do lado político", afirmou Shaw durante o Summit Imobiliário Brasil 2018.
O tempo que cada País leva para retomar o grau de investimento, contudo, varia, de acordo com Shaw. Em média, mais de 50% dos países rebaixados pela Fitch, segundo ele, nas últimas duas décadas, conseguiram recuperar o selo de "bom pagador".
"Demorou em média seis anos, mas há uma variedade de prazo. Enquanto a Malásia e Coreia do Sul demoraram menos de um ano, países que sofreram com crises cambiais demoraram mais, como a Colômbia, que levou 11 anos, e a Indonésia, 14 anos", explicou.
Para o Brasil a Fitch espera crescimento de 2,5% do PIB neste ano e melhora de 2,7% em 2019. - Jornal do Comércio Leia mais em jcrs.uol 10/04/2018
10 abril 2018
Moody's melhora perspectiva do Brasil de negativa para estável
terça-feira, abril 10, 2018
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Ruy Moura
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