30 janeiro 2013

Brasil recua no mercado de tecnologia

Com exportações em queda, empresas instaladas no País veem sua receita depender cada vez mais do mercado interno

 O Brasil perdeu espaço no mercado global como exportador de produtos de tecnologia de comunicação, como celulares, notebooks e componentes eletrônicos. Dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que a exportação brasileira nesse segmento desabou nos últimos dez anos e que o País foi ultrapassado por outros emergentes. O resultado é um déficit bilionário acumulado justamente no momento de explosão do setor.

 Segundo a ONU, o segmento de tecnologia de comunicação movimentou US$ 1,8 trilhão em todo o mundo em 2011, 4% acima dos números de 2010. As cifras indicam que o segmento representa 11% do comércio mundial e já superou as exportações agrícolas no planeta.

 Hoje, a Ásia responde por 64% de toda a exportação mundial de tecnologia. A China exportou mais de US$ 508 bilhões e se transformou no maior fornecedor desses produtos. Só os celulares somaram exportações de US$ 174 bilhões em 2011, um aumento de 22% em relação a 2010. China, Coreia e Taiwan estão entre os maiores exportadores.

 O segundo grupo de produto mais comercializado é o de laptops e tablets. Ao todo, mais de US$ 137 bilhões foram exportados pelo mundo, um crescimento de 17% em um ano. Nesse segmento, a China detém 75% das exportações mundiais.

 Recuo. A indústria de eletroeletrônicos brasileira vem reduzindo exportações, mas sua receita continua a crescer, puxada pelo consumo interno. Em 2012, o segmento faturou R$ 145 bilhões no Brasil, alta de 5% ante 2011, mas as exportações totais caíram 5%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

 A categoria de celulares é que sente a maior retração nas exportações. Em 2012, o Brasil exportou US$ 273 milhões, uma queda de 49% em relação ao ano anterior, segundo a Abinee. O volume atual representa cerca de 10% do que o País exportava no segmento de celulares em 2006.

 "As grandes fabricantes brasileiras produziam para atender o Brasil e outros países da América do Sul. A exportação caiu porque nossos principais mercados se fecharam", disse o presidente da Abinee, Humberto Barbato.

 O maior destino das exportações de eletroeletrônicos brasileiros é a Argentina, um país que vem colocando barreiras à entrada de importados de diversos setores. No caso de celulares, o governo argentino também desestimulou as exportações brasileiras ao criar uma versão argentina da Zona Franca de Manaus na Terra do Fogo e atrair os fabricantes para o país.

 Os brasileiros também sofreram um revés na Venezuela, com a política cambial desfavorável à importações para as operadoras de telefonia. "Pelo câmbio praticado, custa o triplo importar um celular que comprar de um fabricante local", diz Barbato.

 Enquanto as exportações de eletroeletrônicos despencam, as importações subiram. Em 2012, o saldo da balança comercial desses produtos ficou negativo em US$ 33,4 bilhões. "Metade das importações são componentes, que abastecem a indústria. Se o Brasil não começar a produzir componentes, o déficit não se reverterá", diz Barbato.Por JAMIL CHADE , CORRESPONDENTE / GENEBRA, MARINA GAZZONI
Fonte: estadao 30/01/2013

30 janeiro 2013



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