23 janeiro 2013

Laboratório paranaense busca sócio para expandir

A farmacêutica paranaense Prati-Donaduzzi está em conversas com bancos para buscar um sócio investidor para expandir a companhia. Ao Valor, o presidente do grupo, Luiz Donaduzzi, afirmou que não pretende vender o controle da empresa, mas quer um parceiro forte para tornar o laboratório um dos principais produtores de medicamentos do país.

 Mesmo com uma marca pouco conhecida país, a Prati virou alvo de cobiça de multinacionais e laboratórios brasileiros e seu valor de mercado já é estimado em torno de R$ 1,2 bilhão, 20 vezes o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), apurou o Valor. A empresa registrou faturamento bruto no ano passado de quase R$ 500 milhões e projeta receita de R$ 625 milhões este ano. As grandes farmacêuticas estão interessadas no extenso portfólio de registros que a companhia possui na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 Donaduzzi disse que não há banco mandatário para conduzir a operação, mas há conversas adiantadas com instituições que já assessoram a companhia, como o Credit Suisse, J.P. Morgan, Merril Lynch, Deutsche Bank e BTG. Segundo Donaduzzi, até março o grupo terá um posicionamento sobre a transação.

 A Prati está disposta a vender uma participação minoritária para um fundo. A companhia, fundada por Luiz Donaduzzi e sua esposa Carmem, que, juntos, somam 56% de participação, tem como sócios seu irmão Arno Donaduzzi, com 16%, e seu cunhado, Celso Prati, com 28%.

 A empresa também está à procura de um parceiro estratégico para a produção de medicamentos. "Buscamos um parceiro para comprar tecnologia", afirmou Donaduzzi. No ano passado, a israelense Teva demonstrou interesse em comprar a companhia, mas Donaduzzi negou que manteve negociações com o grupo.

 A Prati é especializada na produção de "cesta básica" de medicamentos para o governo. Trata-se de produtos já maduros, como anti-inflamatórios, antibióticos, analgésicos e tratamentos, como hipertensão, sobretudo genéricos. Cerca de 90% de sua produção é voltada para a área hospitalar e 10% para o varejo farmacêutico. São 10 bilhões de doses terapêuticas (comprimido) produzidas pela companhia. Já em receita, 65% correspondem à área hospitalar e 35% ao varejo farmacêutico. A empresa quer mudar esse perfil e por isso busca um parceiro para oferecer medicamentos inovadores. 

Esse é o ponto fraco da empresa. As vendas para o governo, embora sejam um bom canal de escoamento, apresentam margens muito baixas. Segundo fontes consultadas pelo Valor, cada comprimido chega a ser vendido por poucos centavos. Por conta disso, a empresa está fazendo um reposicionamento no mercado. Quer reduzir seu portfólio de medicamentos para o governo e focar nos segmentos de genéricos, similares e em remédios fracionados (que podem ser vendidos em doses estabelecidas pela prescrição médica).

 No ano passado, a empresa anunciou investimento de R$ 100 milhões para construção de sua segunda fábrica. A nova unidade será instalada em Toledo, na região oeste do Paraná, ao lado do atual complexo do laboratório. O laboratório opera no limite de sua capacidade. A expectativa é de que a nova fábrica, com capacidade para 6 bilhões de doses por ano, entre em operação a partir de fevereiro de 2014. A atual fábrica da Prati produz medicamentos sólidos, semissólidos (cremes e pomadas, por exemplo) e líquidos. A segunda unidade produzirá remédios sólidos (como comprimidos). Donaduzzi não descarta investimentos em uma terceira unidade.

 Com formação em farmacêutica no Brasil, mestrado e doutorado em biotecnologia na França, os gaúchos Luiz e Carmem Donaduzzi inauguraram seu primeiro laboratório em Pernambuco no início dos anos 90, durante o governo de Fernando Collor de Mello. O negócio não evoluiu como o esperado e o casal, então, decidiu voltar para o Paraná, onde os dois passaram a infância e se conheceram. Em 1994, criaram a Prati-Donaduzzi com um investimento inicial de US$ 50 mil.

 Nos últimos quatro anos, a família decidiu profissionalizar a gestão. Eder Maffissoni, executivo de mercado, que hoje ocupa a vice-presidência da companhia, deverá migrar para a presidência, e Luiz passará para a presidir o conselho de administração da companhia. A companhia também contratou uma empresa para trabalhar a sucessão de seus herdeiros e uma companhia para reposicionar a marca do laboratório no mercado.

 "Começamos a empresa do nada. Hoje temos 3.500 funcionários. Temos uma política de estimular estudos e formação dos trabalhadores comprometidos com a companhia", disse Carmem, lembrando os tempos difíceis ainda em Pernambuco no início dos anos 90, quando a companhia se resumia dois funcionários: ela e Luiz Donaduzzi. Por Mônica Scaramuzzo Valor Econômico
Fonte: tudofarma 23/01/2013

23 janeiro 2013



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