Entenda as razões que levaram o maior investidor do mundo, que nunca comprou uma ação de empresas de tecnologia, a desembolsar US$ 10,7 bilhões na aquisição de 5,5% do capital da IBM.
Em 1941, aos 11 anos de idade, o megainvestidor americano Warren Buffett comprou três ações preferenciais de uma fornecedora de água de Omaha, cidade em que nasceu, capital do Estado de Nebraska. Ele pagou US$ 38 por ação. Poucas semanas depois, no entanto, os preços haviam caído para US$ 27. Buffett ficou preocupado, especialmente porque parte do negócio havia sido financiada por Doris, sua irmã mais velha. Quando as ações voltaram a US$ 40, aliviado, vendeu-as.
O problema é que os preços subiram para US$ 200 poucos meses depois. “Isso me ensinou a pensar no longo prazo”, diria ele incontáveis vezes depois. Sete décadas mais tarde, Buffett, hoje o maior investidor do mundo, mostrou que ainda não se esqueceu dessa lição.
Sua companhia de investimentos, a Berkshire Hathaway, acaba de adquirir um lote tamanho família de 64 milhões de ações da IBM, com um investimento de US$ 10,7 bilhões, uma fração dos US$ 185 bilhões de seu valor de mercado.
A megatransação proporcionou-lhe uma participação de 5,5 % no capital da Big Blue, a segunda maior empresa de tecnologia dos EUA. Foi uma aposta no futuro, apoiada naquela que, além de se mostrar extremamente sólida no presente, é considerada uma das companhias mais bem preparadas para lidar com a revolução tecnológica em curso neste começo de século XXI.
Em seus 70 anos de atuação no mercado de investimentos, é a primeira aquisição de Buffett na área tecnológica. “Nunca invisto em negócios que não sou capaz de entender”, afirmou em ocasiões diversas, muitas delas para justificar sua distância em relação ao mundo dos bites e bytes. O que mudou para justificar essa decisão?
"Há 50 anos leio os relatórios anuais da IBM, mas, quando li o de 2010, enxerguei-a sob uma nova luz"
Warren Buffett, investidor e sócio da Berkshire Hathaway
O ponto de partida para a análise é observar que, no fundo, o que norteou a cartada do bilionário americano parece ser menos o fato de se tratar do setor de tecnologia e muito mais a solidez e a presença maciça da IBM na vida de companhias de grande porte.
Com 100 anos de existência, completados em junho, ela é uma das mais tradicionais empresas do mundo, com uma receita global de US$ 100 bilhões. Uma das responsáveis diretas pela consolidação da indústria da computação no planeta, a IBM viveu momentos difíceis, especialmente nos anos 1990, quando chegou a acumular prejuízos bilionários.
Uma profunda revisão de seu posicionamento, que culminou na mudança no rumo dos negócios – deixando de lado o foco na produção de hardwares para privilegiar a oferta de serviços completos de tecnologia para o mercado corporativo –, recolocou a empresa no prumo. Assim, a IBM ingressou no século XXI como uma das protagonistas no cenário mundial da tecnologia. “Há 50 anos leio os relatórios anuais da IBM, mas, quando li o de 2010, enxerguei-a sob uma nova luz”, afirmou Buffett, em entrevista à emissora americana de tevê CNBC.
Fonte:istoedinheiro18/11/2011
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