29 novembro 2011

Com maior interesse por pesquisas, Gartner expande presença no Brasil

A consultoria americana em tecnologia Gartner está mais acostumada a falar dos números de outras empresas, mas pouco de si mesma. Com a expansão do mercado brasileiro e o aumento do interesse estrangeiro em fazer negócios no país, a companhia deixa a discrição de lado para mostrar que está investindo na expansão de suas atividades no país. "O Brasil é hoje o mercado emergente mais importante para o Gartner", diz Marcio Krug, gerente-geral da consultoria no país.

De acordo com o executivo, o crescimento médio da operação local entre 2004 e 2011 ficou na faixa de 30%, bem acima da China, Índia e Rússia, e de mercados mais maduros no uso de tecnologias, como os Estados Unidos. A companhia atende 200 clientes no Brasil e não divulga números absolutos de receita e investimento por país. Em todo o mundo, o faturamento da consultoria chega a US$ 1,4 bilhão.

Para crescer, o Gartner tem apostado na ampliação do número de funcionários - cerca de 50 - e na expansão geográfica. Em 2011, foram abertos escritórios nas cidades de Curitiba e Belo Horizonte, que se juntaram às unidades de São Paulo, Brasília e Rio. A unidade do Rio também ganhou reforços, com a contratação de mais três pessoas.

Para 2012, está previsto o início das operações na região Nordeste. Nos primeiros seis meses do ano, Krug prevê a contratação de pelo menos mais dez pessoas, incluindo da área administrativa e analistas. "Estamos montando uma operação completa no Brasil, algo que não tínhamos desde o começo da operação direta no país, em 1998", diz. Entre os cargos que não existiam no escritório local, o executivo cita os da área jurídica. Todas as demandas legais eram atendidas por um escritório especializado.

A principal fonte de receita do Gartner é a venda de pesquisas sobre tecnologia e telecomunicações. Os estudos podem ser comprados individualmente, ou por meio de um pacote anual que inclui serviços de consultoria. Outra fonte de receita são as inscrições para os eventos que a companhia realiza durante o ano para discutir os rumos do mercado. Segundo Krug, os maiores clientes no Brasil estão no setor financeiro. Na sequência vem o governo - em todas as suas esferas - e o setor de manufatura. "O varejo cresce bastante", diz. Entre seus principais concorrentes, o Gartner tem empresas como IDC, Frost & Sullivan e a brasileira IT Data.

Tradicionalmente fraco no consumo e na produção de pesquisas de mercado, o Brasil tem atraído a atenção das empresas do setor. No ano passado, a J.D. Power, especializada em pesquisas nos setores automotivo, de telecomunicações e financeiro, chegou ao país.

A comScore, especializada em pesquisa sobre internet e mobilidade, ainda não tem uma presença local, mas começou a fazer muitas pesquisas em português nos últimos 12 meses. Em 2011, a Forrester Research decidiu voltar a ter uma presença física no Brasil três anos depois de fechar seu escritório. "Existe uma crescente demanda por informações sobre o Brasil, tanto por parte de clientes internacionais quanto de empresas locais. Isso gera interesse em entender as particularidades do mercado local", diz Thalia Ferretti, gerente-geral da Forrester no Brasil.

De acordo com Krug, entre os temas que têm sido mais procurados na área de tecnologia, estão a computação em nuvem, a mobilidade e alternativas para usar dados de modo a antecipar tendências, ou movimentações de mercado, o ''business intelligence'', ou ''business analytics''.

Nas projeções do Gartner, o mercado brasileiro de tecnologia vai movimentar US$ 143,8 bilhões em 2012. O cálculo bienal representa um crescimento de 10,1% na comparação com 2010. A expectativa é de que o crescimento do mercado seja no mínimo de 9,9% ao ano até 2014.

Para 2012, mesmo com a expectativa de uma desaceleração mais forte no ritmo da economia no Brasil, Krug diz acreditar que o crescimento nas vendas de pesquisas e consultoria pode manter-se em um patamar semelhante ao registrado nos últimos anos. "Se a economia vai bem, as empresas precisam de informação para ajudar no crescimento. Se as coisas vão mal, elas precisam de informações para saber como fazer mais com menos", diz. Por Gustavo Brigatto |
Fonte:Valor29/11/2011

29 novembro 2011



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