A recessão que atingiu o país obrigou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a flexibilizar exigências feitas a empresas envolvidas em operações de fusão ou aquisição aprovadas nos últimos anos.
Essas empresas foram obrigadas pelo Cade a vender ativos, como unidades fabrís ou lojas. Entretanto, com a falta de crédito e a dificuldade financeira causadas pela crise, essas empresas não conseguiram encontrar compradores para os bens e, portanto, cumprir as exigências do conselho dentro do prazo estipulado.
“Tivemos que dar mais prazo para as empresas cumprirem algumas obrigações. Em alguns casos, a decisão do Cade incluía a obrigação das empresas se desfazerem de algumas plantas, mas algumas simplesmente não estavam conseguindo fazer isso porque não havia ninguém interessado em comprar”, afirmou o presidente do Cade, Gilvandro de Araújo, em entrevista ao G1.
Foi o que ocorreu na operação que criou a Via Varejo, pela fusão entre o Ponto Frio e Casas Bahia. Para minimizar prejuízos concorrenciais, o Cade exigiu, como contrapartida pela aprovação da fusão, que as empresas vendessem 74 lojas.
Entretanto, elas enfrentaram dificuldade para cumprir a determinação, por falta de interessados. Por conta disso, o conselho permitiu a elas que simplesmente fechassem pontos que não tiveram compradores.
BRF e Minerva
Na operação que marcou a entrada da BRF na Minerva Foods, em 2014, o Cade determinou a venda de ativos no setor de alimentos processados. Por causa da crise, a empresa enfrentou dificuldades para cumprir a exigência e pediu a flexibilização.
A assessoria do Cade informou, no entanto, que os termos dessa flexibilização ainda estão sendo discutidos. Por isso, não poderia comentar o assunto.
Ao analisar uma operação de compra e venda ou de fusão entre empresas o Cade pode determinar, por exemplo, a venda de uma fábrica ou loja, para reduzir a concentração de mercado.
O G1 pediu ao Cade o número de pedidos de flexibilização em análise, mas o órgão informou que não era possível fazer esse levantamento.
Mais operações
Com a perspectiva de retomada da economia, o presidente do Cade, Gilvandro de Araújo, espera aumento no número de operações de fusões e compras.
“É um movimento que ocorre no pós-crise. No momento pós-crise, você tende a ter mais movimentação. É como funciona no mundo todo”, afirmou.
A opinião é compartilhada pelo sócio da consultoria PwC Brasil, Rogério Gollo, que espera um aumento de 15% nas operações de fusões e aquisições em 2017, em relação a 2016. De acordo com ele, se isso se confirmar, os números voltariam ao patamar de 2015.
“Já estamos observando uma retomada no movimento de fusões e aquisições desde outubro. Com a redução das incertezas, principalmente incertezas políticas, estamos observando a volta de estrangeiros para o Brasil”, explicou.
Gollo destaca que setores como infraestrutura, óleo e gás, energia e saneamento, devem ser de destacar nas fusões e aquisições em 2017.
“Com a retomada da economia, as empresas compradoras sentem confiança em expandir. Na recessão, as empresas guardam caixa e não fazem aquisição”, afirmou.
Segundo relatório da PwC, em 2016 houve 597 transações de fusões e aquisições, uma redução de 19,5% em relação a 2015, quando foram feitas 742 transações. Fonte: G1 Leia mai em fieis 14/03/2017
14 março 2017
Crise leva Cade a flexibilizar exigências feitas a empresas após fusões
terça-feira, março 14, 2017
Compra de empresa, Contingências, Desinvestimento, Fusões, Investimentos, Transações MA, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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