20 março 2017

Klein define condições para fazer oferta pela Via Varejo

Fundos de investimentos estiveram nos últimos dias com assessores ligados ao empresário Michael Klein na tentativa de alinhar uma proposta de compra da Via Varejo. O prazo de entrega das propostas ao Grupo Pão de Açúcar (GPA), controlador da varejista de eletroeletrônicos que reúne Casas Bahia e Ponto Frio, termina na sexta-feira. Klein considera um plano em que se tornaria controlador da Via Varejo, com pouco mais de 50% das ações, e teria autonomia na gestão, como antecipou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

A família Klein fundou a Casas Bahia em 1952 e em 2009 vendeu o controle para o GPA, que já era dono do Ponto Frio. Os Klein continuaram no grupo resultante da fusão das duas redes como acionistas minoritários. Agora, para voltar a controlar o negócio, o empresário pode adquirir 23% das ações (já tem 27,3% do capital) e a compra da parcela restante ficaria dividida entre um ou mais fundos. Nesse formato, parte das ações do GPA (detentor de 43,3% da Via Varejo) poderia ser vendida aos Klein e outra parte aos investidores.

As ações (units) da Via Varejo fecharam o pregão de sexta-feira em R$ 11,15, com a empresa valendo em bolsa R$ 4,8 bilhões. A soma não inclui o braço da Cnova, operação dos sites, que foi unida à Via Varejo recentemente.

O Valor apurou que o controlador francês do GPA, o grupo Casino, não aceitaria uma oferta por menos de R$ 13 por ação. As condições da proposta têm que respeitar o direito de "tag along" dos minoritários - mecanismo que garante a eles vender suas ações pelo mesmo preço ofertado ao controlador.

A princípio, segundo uma fonte, não interessa a Klein um acordo em que ele mantivesse a posição atual de 23,7%, mesmo com carta branca na administração da empresa. Isso poderia transformá-lo num acionista em um grupo com capital pulverizado (caso os fundos deixassem a empresa no futuro), ideia que não o agrada, apurou o Valor. Hoje, Klein é minoria no conselho de administração da empresa. O GPA tem a maior parte dos votos no colegiado e comanda a companhia. Já houve discordâncias em relação a estratégias para a Via Varejo, e Klein foi voto vencido.

Se as negociações com fundos não avançarem nos termos pretendidos, Klein deve preferir vender sua fatia ao novo controlador da empresa a fazer uma proposta pelo negócio. Procurada, a família Klein nega ter tido contato com fundos e informa que tem interesse em aderir à venda das ações da Via Varejo com o GPA.

Não é a primeira vez que o empresário considera a possibilidade de reaver seu negócio. Desta vez, estava reticente em razão, principalmente, da resistência dos filhos em investir recursos da família em um nicho em crise por conta do avanço do comércio eletrônico.

Até o momento, já apresentaram ofertas não-vinculantes pela Via Varejo as empresas de investimento Bain Capital, Advent, e as redes Lojas Americanas e Alibaba (esta, ligada a um fundo chinês), conforme o Valor antecipou. Procurado, o GPA informou, em nota, que "o processo [de venda da Via Varejo] está em curso e o mercado será comunicado sobre qualquer fato relevante".

Está sendo considerado pelos interessados o fato de que, quando o GPA anunciou a decisão de rever seus investimentos na Via Varejo, em novembro, o papel estava em R$ 8,14. Desde então, já subiu 37%, puxado em parte pelo vazamento de nomes de possíveis compradores. Uma oferta com baixo ou nenhum prêmio desestimularia a venda por parte dos minoritários.

Mas poderia pesar favoravelmente à permanência desses acionistas o discurso de que uma mudança na gestão da Via Varejo, com o retorno de Klein e de ex-executivos ligados a ele, aumentaria o potencial de valorização da ação - ex-diretores da Casas Bahia já contataram o empresário e se mostraram abertos a retornar. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 20/03/2017

20 março 2017



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