29 fevereiro 2016

Saint-Gobain avalia novas aquisições no Brasil

Após anunciar duas aquisições no Brasil no início de janeiro, de uma empresa de plásticos de performance e outra de argamassa, a francesa Saint-Gobain, líder mundial do setor de materiais para construção, prevê comprar mais companhias no país neste período de crise econômica. "O Brasil é um país onde pode haver boas oportunidades de aquisições nos próximos dois anos", afirma o CEO do grupo, Pierre André de Chalendar.

Ele prefere não dar detalhes em quais segmentos as aquisições podem ocorrer, afirmando que serão em todas as áreas de atividades onde houver oportunidades. O grupo também produz materiais e equipamentos para a indústria de diversos setores, além de atuar no varejo de materiais, com a Telhanorte.

Ao mesmo tempo que pretende ampliar o leque de empresas no Brasil, seu quinto maior mercado mundial, a Saint-Gobain vai adiar investimentos industriais no país Chalendar, CEO do grupo: “O Brasil é um país onde pode haver boas oportunidades de aquisições nos próximos dois anos” devido à piora do cenário econômico, diz Chalendar. Aportes para ampliar a capacidade de fábricas, vistos anteriormente como necessários, serão suspensos.

Com a crise, diz o executivo, haverá capacidade produtiva disponível por um bom período. "Não temos em mente projetos de investimentos industriais significativos no Brasil em razão da evolução do mercado, que ficará abaixo de nossas expectativas nos próximos dois anos." O grupo, diz ele, não prevê melhora da conjuntura em 2016, mas ressalta que a Saint-Gobain tem posições fortes no Brasil e "está resistindo melhor do que o restante do mercado".

No ano passado, as vendas do grupo tiveram "aumento considerável" no primeiro semestre, mas a performance foi sendo reduzida ao longo do ano. "No fim de 2015 não houve mais crescimento. O último trimestre foi praticamente estável", afirma. Chalendar ressalta que a conjuntura econômica brasileira se deteriorou bastante nos últimos meses e ele se diz pouco otimista em relação a 2016, em razão da "crise profunda" no país. "Vai depender de como irá evoluir a situação política", diz, estimando que a retomada pode levar mais tempo do que em outros períodos de crise econômica no Brasil.

A desvalorização do real tornou alguns produtos para aplicações industriais, como abrasivos e canalizações, que sofriam forte concorrência dos importados, mais competitivos. A Saint-Gobain começa a exportar esses produtos para países da América Latina, afirma o presidente.

O grupo prevê que suas atividades na Ásia e países emergentes devem ter crescimento "satisfatório" em 2016, "mas freado pela desaceleração do Brasil". Na Europa, a perspectiva é de maior dinamismo neste ano, com estabilização na França, onde o faturamento caiu 4,1% em 2015 e que representa 25% da sua receita global.

As incertezas no cenário econômico mundial levaram a Saint-Gobain a anunciar, na quinta-feira, um novo plano de reduções de custos de € 800 milhões entre 2016 e 2018, após um corte de € 360 milhões em 2015. Ele prevê mudanças na logística e a digitalização de fábricas. Demissões podem ocorrer em alguns países, segundo Chalendar.

O faturamento, de € 39,6 bilhões, cresceu 3,3% em 2015, com volumes estáveis (0,1%). O lucro líquido, de € 1,3 bilhão, aumentou 35% graças a venda de filiais realizadas pelo grupo. "Em 2015, a Saint-Gobain registrou uma melhora de seus resultados em um ambiente econômico com fortes contrastes", diz Chalendar, acrescentando que a progressão foi limitada pelo recuo das atividades na França.

Um dos desafios da Saint-Gobain neste ano é tentar concluir a aquisição da companhia suíça Sika, de materiais de alta tecnologia para a construção e indústria, anunciada no fim de 2014. A compra da holding familiar que possui 16,1% do capital da Sika e 52% dos direitos de voto, por € 2,3 bilhões, encontra resistências da  direção da companhia suíça e de acionistas minoritários, que vêm movimentando a Justiça. "Somos pacientes e estamos determinados nesse negócio. Faremos o necessário para que a aquisição seja realizada", diz Chalendar. Ele espera encontrar menos resistências nas aquisições do grupo no Brasil. Por Daniela Fernandes  Fonte: Valor Econômico | Leia mais em sinicon 29/02/2016



29 fevereiro 2016



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