12 fevereiro 2016

Petrobras pode obter até US$ 6 bi com venda de dutos de gás da TAG

Os canadenses Brookfield e o Canadian Pension Plan Investiment Board (CPPB3) já estão analisando os ativos da Petrobras. Também é esperado dinheiro chinês, dado o tamanho dos negócios, segundo fontes do Valor. Um dos principais alvos desse interesse é a malha sudeste da Transportadora Associada de Gás SA (TAG), que tem valor estimado entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões. Os ativos de gás devem ser os primeiros vendidos em 2016.

“Se tudo isso acontecer, esses ativos terão um player diferente, com outra visão, e com o objetivo de encher os dutos e abrir o acesso. A malha de gasodutos é o coração desse negócio, e é muito rentável ainda”, disse uma fonte familiarizada com o assunto.

Com uma longa experiência em Brasil, a Brookfield é uma das interessadas na compra de 36,1% do capital total que a Petrobras tem na Braskem. Para a companhia, porém, não seria interessante ser sócia minoritária da Odebrecht, que tem 38,3% na Braskem e também está implicada na Operação Lava-Jato, segundo apurou o Valor.

Como há uma grande preocupação com governança e com as possíveis implicações legais dessas investigações,, a alternativa seria fazer uma oferta por uma participação maior na petroquímica, se tornando sócia majoritária da empresa. Segundo fontes ligadas às negociações, a canadense vê o momento como uma oportunidade para compra de ativos a um preço mais favorável.

No caso da Petrobras Distribuidora (BR), a Brookfield até teria interesse, mas as condições para um investimento seriam diferentes devido ao seu porte. Além de não querer ser minoritária na distribuidora de combustíveis, como planeja a Petrobras em seu plano de desinvestimentos, a gestora consideraria captar fundos de outros sócios para efetuar a transação, de acordo com fontes.

Entre os interessados nos ativos da estatal também estão empresas de infraestrutura que operam Utilities e fundos de investimentos. Na lista das interessadas nos ativos de geração são mencionadas AES, Engie (antiga GDF Suez), Neoenergia e Cemig. Procurada, a Enel respondeu que “não está focada em um ativo específico, mas acompanha a evolução do mercado de energia brasileiro de forma geral.

O mercado segue com atenção essa venda, que é um movimento considerado estratégico. A expectativa é de uma profunda mudança na configuração da indústria de gás. É uma mudança forte, depois que o modelo anterior de venda dos ativos dessa área fracassou. Para o consultor Márcio Balthazar, da NatGás, que é ex-funcionário da estatal, mais do que arrecadar dinheiro com a venda de ativos de gás, a abertura vai ajudar a reduzir a exposição da estatal ao risco de abastecer 100% do mercado brasileiro do insumo, o que lhe é oneroso..

Os terminais de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) de Pecém (CE) e do Rio de Janeiro serão vendidos primeiro, junto com as térmicas da estatal, que são supridas por eles.

O modelo de venda casada foi decidido depois do fracasso das tentativas anteriores da estatal em vender suas térmicas sem garantir o suprimento de gás. “Como elas têm geração flexível, ninguém queria comprar uma térmica sem contrato e sem garantia, pois não teria como cumprir regra do Operador Nacional do Sistema Elétrico se ele exigisse o despacho dessas térmicas”, disse uma fonte.

Os terminais de GNL do Rio e Pecém têm capacidade de transferir diariamente 21 milhões de metros cúbicos de gás importado, que atendem principalmente ao mercado termelétrico. A Petrobras separou no ano passado a malha sudeste da TAG, formando a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), que não inclui o gigantesco Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene)

A malha será oferecida ao mercado primeiro. Já a Nova Transportadora do Nordeste (NTN) ficou para um segundo momento.

Os que acompanham mais de perto a movimentação em tomo desses ativos afirmam que, sob o ponto de vista dos compradores, as oportunidades são promissoras, já que o Brasil está barato. Contudo, a lista de interessados deve ser menor do que seria antes da perda do grau de investimento pelo Brasil. O rebaixamento do país restringe a entrada de investidores estrangeiros que precisam atender a normas que exigem aplicação dos recursos de grandes fundos de investimento apenas em países com nota “investment grade” de pelo menos duas agências. No ano passado, o país foi rebaixado por Fitch e S&P.Já a Moody’s pôs a nota de crédito soberano em revisão para possível rebaixamento.

Questões de governança envolvendo a estatal são obstáculos para as operações, assim como a insistência da Petrobras em manter o controle dos ativos. Os potenciais compradores teriam receio em ser sócios minoritários de uma empresa controlada pelo governo e alvo de uma extensa investigação no Brasil e em outros países.

Procuradas, AES, Brookfield, Neoenergia e Engie não se manifestaram sobre o assunto. A Petrobras não fala sobre essa questão.  Fonte: Valor Econômico Leia mais em abegas 12/02/2016

12 fevereiro 2016



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