06 dezembro 2013

CVC capta até R$ 621 milhões com abertura de capital

As ações da empresa, contudo, foram precificados em R$ 16, abaixo da expectativa

A operadora de turismo CVC captou até R$ 621 milhões com sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Os papéis foram precificados em R$ 16, conforme antecipado pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, abaixo da faixa inicialmente sugerida (R$ 18 a R$ 22). O início das negociações das ações na Bovespa, sob o código "CVCB3", está previsto para a próxima segunda-feira, 9.

Foram registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 38.812.500 ações, equivalentes aos lotes principal (33.750.000) e suplementar (5.062.500). Caso o lote suplementar não seja exercido em até 30 dias, a oferta pode ser reduzida em R$ 81 milhões.

 Com a oferta da CVC, essas operações em 2013, entre as iniciais e subseqüentes (follow on) chegam a R$ 20,4 bilhões, volume inflado pela oferta da BB Seguridade, que levantou R$ 11,475 bilhões na Bolsa.

 Segundo um gestor, a demanda pela oferta da CVC acabou enfraquecendo ao longo desta semana diante da deterioração da economia e de uma percepção mais pessimista por parte do investidor. O cenário piorou com o recuo da economia brasileira no terceiro trimestre, de 0,5% ante o período anterior. Diante dessa piora, a tese de que o Brasil poderá perdeu o grau de investimento cresce e ajudou a azedar o apetite do investidor institucional para a oferta da CVC.

 Outra fonte consultada disse que as projeções para a empresa continuam sendo positivas, mas destacou que em um momento de maior volatilidade e de pior cenário para a economia, uma viagem é um dos primeiros cortes feitos pelas famílias. Ele lembra ainda que o preço inicialmente proposto para a oferta ficou muito acima do preço justo, na visão dos investidores.

 A CVC ensaia a abertura de seu capital desde 2011. Em fevereiro do ano seguinte, na esteira do agravamento da crise europeia, a empresa suspendeu a oferta. Guilherme Paulus, fundador e presidente do Conselho de Administração da empresa, chegou a dizer que a CVC aguardava um momento mais positivo do mercado financeiro e que a companhia estava bem capitalizada e poderia se financiar, sem precisar ir ao mercado.

 A oferta da CVC é apenas secundária, ou seja, apenas os atuais acionistas vendem a participação que possuem. Isso significa que o dinheiro captado com a operação irá diretamente para o bolso dos controladores. O BTC Fundo de Investimento em Participações, do Carlyle, é dono de 63,22% da CVC, e o GJP Fundo de Investimento, de Paulus, possui outros 36,13% da empresa. O restante está em tesouraria.

 A Carlyle, um dos maiores investidores em private equity do mundo, comprou a fatia da CVC no início de 2010 por cerca de R$ 700 milhões e inaugurou a entrada do fundo no Brasil. Na época do negócio, Fernando Borges, presidente do Carlyle no Brasil, disse que o fundo esperaria o momento certo para abrir o capital da operadora de turismo e disse que não gostaria de ver a ação da empresa cair "50%" em um ano de ação na bolsa.

 O objetivo da Carlyle ao comprar a operadora de turismo era fazer com que a empresa dobrasse de tamanho em cinco anos. O IPO, no entanto, estava no radar da empresa antes mesmo de ser adquirida pela gestora. Desde 2007, Paulus já falava no assunto, inclusive na possibilidade de abrir o capital no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa simultaneamente. No exercício encerrado em 31 de dezembro do ano passado, a receita líquida da CVC foi de R$ 623,4 milhões e o Ebitda ajustado de R$ 326,7 milhões.

 A CVC contava ao fim de setembro com 750 lojas exclusivas, conforme informações do prospecto preliminar. No período de janeiro a setembro de 2013, os dez principais franqueados da empresa concentravam 24% das lojas exclusivas.
Fonte: estadao 06/12/2013

06 dezembro 2013



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