22 novembro 2011

Na Iódice, divisão do negócio fez aumentar venda

Na matemática da moda, a divisão de um todo em duas partes nem sempre resulta em duas partes menores. É o que mostra a experiência da Iódice.

A separação pode vir para somar, não para dividir. Foi por esse ângulo que o empresário Valdemar Iódice pensou para desmembrar sua grife em duas, há três anos.

Nasciam assim a Iódice Denim e a Iódice, marcas com estilos, público e preços diferentes.

A estratégia mostrou-se eficaz para aumentar o volume de vendas (com a linha Denim), sem perder a aura "fashion" (conquistada pela Iódice).

Há cerca de um ano, o grupo Iódice mudou-se para uma fábrica maior - de 8 mil m² - na Vila Leopoldina, em São Paulo.

O investimento foi de R$ 13 milhões para reunir, num mesmo prédio, as áreas de criação e desenvolvimento de produtos, expedição, showroom e produção da linha de jérsei - um dos carros-chefes da Iódice Denim.

"Até 2015, vamos chegar a um faturamento de R$ 200 milhões", diz Valdemar Iódice, fundador do grupo há 25 anos. As duas marcas, que hoje são distribuídas para 600 pontos de venda no País, deverão chegar a 1,5 mil, em quatro anos.

A rede de lojas, com as duas diferentes bandeiras, soma seis butiques próprias e seis franquias. Para 2013, já há outras seis franquias contratadas.

"Até 2015, a rede inteira será composta por 80 lojas", diz o empresário, que está renovando também a equipe de estilo, com novas contratações.

A ideia é manter a Iódice uma marca "de desejo", exclusivamente feminina, com um prêt-à-porter sofisticado e preços mais elevados, e deixar a Denim responsável pelo volume - a exemplo do que já ocorre há tempos com grifes internacionais, cujo principal exemplo de sucesso é dado pela Armani.

No segmento jeanswear, onde se posiciona a Denim, é mais fácil conseguir a fidelidade do consumidor, diz Valdemar. "Quando ele ou ela aprecia uma modelagem, dificilmente muda de marca", diz o empresário.

Acertar na forma, então, é o caminho do sucesso, principalmente em se tratando da mulher brasileira, que costuma ter quadris mais largos.

Na coleção feminina da Iódice Denim, o carro-chefe é o modelo "Donna", com a cintura um pouco mais alta. "Posso mudar o comprimento ou a modelagem da perna, mas não posso mexer na altura dos quadris."

As diferenças entre as linhas de prêt-à porter e jeanswear também ficarão visíveis nas campanhas publicitárias.

Em 2012, a Iódice Denim terá a apresentadora Adriane Galisteu (nora de Valdemar, casada com Alexandre Iódice) como garota-propaganda. O intuito, diz Valdemar, é atingir um público mais amplo, que se identifica com a apresentadora. Já para representar o prêt-à-porter, o empresário escalou a modelo Fernanda Motta, mais conhecida do público "fashion".

O projeto de Valdemar é ampliar a visibilidade - e, consequentemente, as vendas - no mercado interno, uma vez que a exportação deixou de ser rentável. "Cheguei a ter 150 pontos de venda nos Estados Unidos e a vender US$ 10 milhões", diz o empresário. Mas a crise americana e a valorização do real inviabilizaram a expansão em solo americano. "Mas não desisti da exportação. No México, por exemplo, as vendas vão bem."

Além de empresário, Valdemar é o atual presidente da Associação Brasileira de Estilistas (Abest). Segundo ele, os produtos que atualmente mais fazem sucesso em terras estrangeiras são os biquínis e as peças de tricô. "Para nós, a venda das peças de jérsei vão muito bem."

Com quase a mesma idade de outras marcas tradicionais do mercado nacional, como Forum e Zoomp, a Iódice é uma das poucas a manter a gestão familiar. E, por ora, pretende se manter assim. "Ouvi várias propostas para me juntar a grupos, mas até agora não me senti tentado", diz Valdemar. Por Vanessa Barone
Fonte:Valor22/11/2011

22 novembro 2011



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