A corrida da consolidação do setor farmacêutico saiu dos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro há duas semanas, com a aquisição da paraense Big Ben pela Brazil Pharma, do BTG Pactual.
O negócio é apenas o início de uma disputa dos grandes grupos pelas drogarias de forte presença regional. No cardápio de possíveis aquisições, surgem a paranaense Nissei, a sul-mato-grossense São Bento e a mineira Araújo, além da Extrafarma, rival da Big Ben no Pará. São redes que têm entre 100 e 200 lojas e que podem fazer a diferença na disputa pela liderança do varejo de medicamentos no País.
A Brazil Pharma, que tem a seu favor o lastro financeiro do BTG, é a mais agressiva na busca de aquisições - já teve, por exemplo, conversas preliminares com a São Bento e a Nissei, além de ter cortejado a Farmácias Santana, da Bahia. No entanto, as atuais líderes de mercado - Drogasil/Droga Raia e São Paulo/Pacheco - também devem investir em redes regionais na tentativa de descentralizar suas operações.
Uma das pedras no caminho das empresas que devem liderar esse processo de consolidação é a resistência dos fundadores de alguns dos grupos-alvo em deixar o mercado sem brigar pela própria sobrevivência. Entre as redes cobiçadas por compradores, uma das mais resistentes é a Araújo, de Minas Gerais.
A rede é um alvo preferencial por causa de seu alto faturamento por loja - R$ 850 milhões concentrados em 110 unidades -, fruto da aposta no modelo 'loja de conveniência', em que itens como ração de cachorro, pão de forma e chocolates têm forte peso na receita. 'É um ativo bom. O difícil será convencer o seu Modesto (Araújo, presidente da empresa)', afirma uma fonte do setor farmacêutico.
Proteção. Outro dono de farmácia que, pelo menos por enquanto, resiste à ideia de venda é Sérgio Maeoka, da Nissei. Ele já até ouviu propostas de concorrentes, mas disse a pessoas próximas que vai apostar no crescimento orgânico. Durante este ano, o empresário correu para chegar antes da concorrência ao mercado catarinense, onde terá 20 lojas até dezembro. Fontes dizem que a estratégia é acertada: ajuda a enfrentar a concorrência e também a valorizar o negócio, caso Maeoka mude de ideia e opte por uma venda.
O grupo Nissei, que vai fechar 2011 com faturamento de R$ 860 milhões e 200 unidades, planeja abrir 30 lojas por ano até 2015 para se proteger do fortalecimento da concorrência. A empreitada exigirá um investimento total de R$ 100 milhões, dinheiro que virá do caixa da companhia e de empréstimos bancários. 'O plano de expansão por enquanto prevê só lojas próprias, mas podemos adquirir alguma rede pequena, caso a oportunidade surja', afirma o empresário.
A expansão da Nissei se acelerou a partir de 2008, quando a empresa comprou a massa falida de outra rede paranaense, a Drogamed. Desde então, converteu a maior parte das lojas herdadas da rival em Nissei, mas manteve a bandeira Minerva, direcionada à classe A. Ao contrário da Nissei, que funciona no estilo 'loja de conveniência', a Minerva concentra forças na venda de cosméticos de valor agregado.
Depois de funcionar por dois anos como uma entidade separada da marca principal, a Minerva foi incorporada à Nissei neste ano - o que ajuda a justificar o salto de R$ 200 milhões em faturamento da rede este ano, em relação a 2010.
Outro alvo é a rede São Bento, líder de mercado no Mato Grosso do Sul. Fundada há 63 anos, a rede tem 90 lojas e fatura R$ 300 milhões ao ano. Fontes de mercado afirmam que a empresa já conversou com compradores ao longo de 2011 - o presidente da São Bento, Luiz Fernando Buainain, nega a informação. Ele diz que o planejamento estratégico para os próximos dois anos não inclui alterações na estrutura societária. 'Vamos fechar o primeiro trimestre de 2012 com 100 lojas. O dinheiro para a nossa expansão vem do nosso caixa', afirma.
Boa proposta. No entanto, como o desenho do varejo de medicamentos está mudando rapidamente, o empresário admite que uma boa proposta não pode ser descartada. 'Nós somos homens de negócios. Estamos em busca de acordos bons para ambas as partes', ressalta. Um bom argumento para convencer os donos de redes médias, segundo o analista Guilherme Assis, da consultoria Raymond James, é a chance de ter uma fatia minoritária em um gigante do setor: 'A Brazil Pharma tem feito compras e mantido os proprietários como sócios e gestores do novo negócio.'
A rapidez da consolidação do segmento, na visão de Rodrigo Bertozzi, presidente da consultoria em negócios B2L, está diretamente ligada à expansão da economia e ao novo perfil demográfico do Brasil. 'É um setor que vai continuar forte, mesmo que venha uma crise. Com o envelhecimento da população, a base de clientes só tende a crescer.' Por FERNANDO SCHELLER,
Fonte:estadao21/11/2011
21 novembro 2011
Líderes regionais na mira das megafarmácias
segunda-feira, novembro 21, 2011
Compra de empresa, Plano de Negócio, Saúde, Tese Investimento, Transações MA
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Ruy Moura
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