Ao adquirir a Tiffany & Co., a LVMH deu um grande passo. A número1 mundial do luxo desembolsou a soma recorde de 14,7 bilhões de euros, ou 16,2 bilhões de dólares, para conquistar a líder do luxo nos Estados Unidos, mas também, e sobretudo, um marca de joalharia emblemática. Será a maior aquisição da história do grupo francês. Uma operação extraordinária, que se anuncia muito promissora, bem recebida pelo mercado na segunda-feira.
A LVMH comprou uma história rica de um património de 180 anos - Tiffany.com
A Tiffany & Co., uma das últimas grandes empresas independentes, sem acionista maioritário, apresentava-se como a presa ideal. Especialmente porque ainda apresenta um bom potencial de crescimento, estando em plena fase de recuperação desde 2017, após um período complicado. Por outras palavras, uma operação de risco limitado para a LVMH, que deverá garantir muitos benefícios. Embora o preço possa parecer elevado, pois representa um 16,6 vezes o EBITDA da marca de joalharia, segundo dados divulgados pelo grupo de luxo, avaliando a empresa em 16,9 bilhões de dólares.
"A Tiffany & Co. continua a ser a primeira joalheira do mundo, se não contarmos com os relógios da Cartier", aponta um especialista do setor. No exercício de 2018, encerrado a 31 de janeiro de 2019, alcançou um volume de negócios de 4,442 bilhões de dólares (4,034 bilhões de euros), um aumento de 7% em relação ao exercício anterior, com um resultado líquido de 586,4 milhões de dólares (532 milhões de euros), representando 13,2% do total das suas vendas, enquanto o lucro operacional foi de 790 milhões de dólares e o EBITDA 1,019 bilhão de dólares, com margens de 17,8% e 22,9%, respetivamente.
Com a sua famosa blue box, a tão característica caixa turquesa das suas embalagens, mencionada na linguagem corrente como "azul Tiffany", a marca de joias, que emprega 14.200 pessoas, dá à LVMH a oportunidade de colocar as mãos numa casa histórica com um patrimônio rico, como a gigante francesa gosta, e uma imagem consolidada durante quase dois séculos. A Tiffany & Co. foi fundada por Charles Lewis Tiffany com a abertura da sua primeira loja em Nova Iorque, no centro de Manhattan, em 1837... O ano de nascimento da Hermès, outra casa que já esteve no centro das atenções da LVMH.
"A estrutura da Tiffany & Co. é saudável, com um processo totalmente verticalizado do design à produção. A empresa é muito avançada no setor. Desde 1982, domina totalmente o seu aprovisionamento e a origem de todos os seus diamantes, especialmente os diamantes em bruto, que depois corta. O processo está completamente enquadrado. Neste ponto, é inatacável. Também está bem à frente na gestão de clientes", afirma o especialista.
Uma vantagem inegável, num momento em que o desenvolvimento sustentável se tornou uma obrigação para a indústria do luxo. Como afirmou o diretor financeiro da LVMH, Jean-Jacques Guiony: "Queremos capitalizar a estrutura de produção inteiramente vertical da empresa e criar certas sinergias a nível do grupo. Poderíamos beneficiar, por exemplo, do sourcing de diamantes, mas ainda é muito cedo para falar sobre isso agora."
Os diferentes segmentos da oferta multifacetada daTiffany & Co. - LVMH
Outro elemento interessante: a empresa de joalharia desenvolveu enormemente a sua presença no mundo, quase 100% através do canal de retalho, exceto na Ásia, onde também é distribuída pelo canal de atacado. Em cerca de 321 lojas em 20 países, a maioria destas nos locais de maior prestígio, conta com 124 nos Estados Unidos. Também está muito bem estabelecida na Ásia, com 90 lojas (à exceção do Japão, que sozinho conta com 55 unidades), especialmente na China, onde está muito presente. Além das lojas, a loja online responde por 7% do total das vendas.
"O modelo de negócio das maisons da LVMH já se desenvolve com base numa distribuição de lojas de gestão direta. Com a Tiffany, isso significa que o grupo francês continuará a fortalecer a sua distribuição própria e a aumentar o seu poder de negociação", nota a designer de joias Loretta Baiocchi, que trabalhou para as maiores marcas de luxo e joalharia.... Leia mais em fashionnetwork 02/12/2019
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