O presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, já avisou: a meta do banco é vender 80% das participações acionárias que tem. Resta aos investidores entender como essa movimentação vai afetar os papéis. É hora de se planejar para surfar na onda. Ou ao menos não cair da prancha.
O BNDES e seu braço de participações, o BNDESPar, têm participação relevante em pouco mais de 30 empresas com ações negociadas na B3, a nossa bolsa de valores. Veja aqui a atual carteira de ativos do banco.
São R$ 118 bilhões distribuídos entre companhias das mais variadas matizes. Na ponta do lápis, se os 80% que Montezano quer vender forem de empresas com ação em bolsa (o banco tem participações em outras companhias também e se nega a divulgar sua estratégia), isso significará R$ 94 bilhões em papéis voltando a circular no mercado.
O cardápio vai da óbvia Petrobras (PETR3), da qual o BNDES possui 13,9% das ações, à Ourofino, que produz remédio para gado, na qual estão alocados cerca de R$ 258 milhões do banco. Já em ações da JBS (JBSS3), o enorme frigorífico dos irmãos Batista, são R$ 15 bilhões.
A JBS, aliás, está prestes a se tornar o exemplo do que pode acontecer com as outras empresas nessa leva de vendas. O BNDES já informou oficialmente que vai fazer uma oferta pública para vender seus papéis. E, inclusive, escolheu os bancos que vão intermediar o negócio. O anúncio não teve grande impacto no preço dos papéis. Mas o teste de fogo vai ser quando eles começarem a efetivamente ser oferecidos, o que está previsto para janeiro.
A análise que se faz no mercado é que o banco começa a se desfazer dos ativos que estão em alta, tanto porque as vendas serão mais lucrativas como porque, assim, minimiza o impacto de sua saída. Com o preço da carne em alta, por conta de um mercado global afetado pela peste suína na China, os papéis da JBS têm sido bem vistos no Brasil e no exterior.
Mas é inexorável que a lei da oferta e da demanda se faça sentir com a nova política de desinvestimento do BNDES. O preço das ações que forem colocadas à venda tende a cair até que esses papéis sejam absorvidos novamente. Foi assim quando o banco se desfez dos papéis que tinha da resseguradora IRB Brasil RE (IRBR3), em julho deste ano.
As ações da IRB começaram a cair logo antes de a participação do banco ser colocada à venda. Três meses depois, em outubro, atingiram o preço mais alto que já tiveram. Veja no gráfico abaixo:
O histórico explica por que as empresas têm tratado como natural a nova política. E os investidores, como oportunidade. A possível queda no preço com a oferta ao mercado é bom momento para quem está de olho comprar os papéis que deseja. E quem já possui ações de empresas que estão na carteira do banco, se estiver confiante na solidez da companhia, basta não se desesperar com a queda. A presença do banco entre os acionistas pode dar segurança para outros investidores, mas sua saída não tem o poder de alterar a operação.
É hora de estudar as companhias no portfólio do banco para aproveitar o movimento, que, como avaliam executivos das próprias empresas atingidas, pode ajudar a desenvolver o mercado de capitais. Mercado que está prestes a atingir a marca de 1,6 milhão de investidores “pessoas físicas”. O triplo do que tinha ao fim de 2017. Por Marcos de Vasconcellos .. Leia mais em monitordemercado 20/12/2019
21 dezembro 2019
É hora de remar para surfar na onda de vendas do BNDES
sábado, dezembro 21, 2019
Desinvestimento, Investimentos, Oportunidades, Private Equity, Transações MA, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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