O cenário do varejo farmacêutico no Nordeste mudou radicalmente nos últimos anos, com a entrada de redes do Sudeste e a necessidade dos lojistas locais de se adaptarem ao aumento da concorrência. Daqui para frente, a tendência é que a competição se acirre ainda mais e que o movimento replique no Norte do País.
"No Nordeste, o crescimento das grandes redes - como Raia Drogasil e Drogaria São Paulo Pacheco - é consistente, mas o Norte ainda não está dominado. É um território onde o setor tem potencial para crescer bastante nos próximos dois anos", afirma a consultora independente, Silvia Osso.
De acordo com a especialista, que trabalhou por 29 anos na Drogasil, as redes de grande porte estão, por enquanto, fazendo um experimento na região. "Primeiro elas vão 'conquistar' o Nordeste, para depois ir com mais força para o Norte."
A visão é comprovada pelos dados do último balanço financeiro da Raia Drogasil, referente ao quarto trimestre de 2016. De acordo com o demonstrativo, a participação de mercado do grupo no Nordeste cresceu para 5,4% no período, ante uma fatia de 2,7% no quatro trimestre de 2015. Na região, a rede possui 98 lojas, enquanto no Norte não há nenhuma operação.
Dos grandes grupos do setor, o que possui maior participação no Norte é a Pague Menos. A rede, que surgiu em Fortaleza (CE), tem expandido cada vez mais para estados do Norte. Segundo dados do balanço do quatro trimestre de 2016, a participação da companhia na região subiu 1,9 ponto percentual entre o final de 2015 e o final do ano passado, para cerca de 11%.
De acordo com o CEO da rede, Mario Queiróz, o objetivo da companhia neste ano é seguir expandindo para todo o Brasil. A respeito da região Nordeste, o executivo comenta que de fato houve um acirramento grande da concorrência nos últimos anos, o que ele credita a "saturação do mercado de regiões com maior poder aquisitivo, como o Sudeste."
O presidente da rede associativista Multmais, com forte atuação na Bahia, Cléber Magalhães, também aponta para um cenário de crescimento da competição na região. Ele sinaliza também que a tendência para os próximos anos é que o quadro se agrave ainda mais. "Temos que estar preparados, já que as redes maiores - que antes expandiam apenas para grandes centros -, têm buscado também cidades pequenas. O desafio será grande", afirma.
No estado do Sergipe, a entrada de grandes players também tem modificado o varejo local e estimulado, por exemplo, o surgimento do associativismo. Lançada em março deste ano, a Sergifar é um exemplo disso. "O Nordeste virou uma rota de expansão para as grandes redes.
Por isso estamos nos reunindo: para nos fortalecer, aumentar o poder de negociação e, com isso, tornar nossas lojas mais competitivas", afirma o presidente da rede, Alex Cavalcanti Garcez. Segundo ele, essa é a única saída para as farmácias independentes sobreviverem na região.
O grupo, que possui hoje 21 lojas associadas, trabalha principalmente com o modelo de drugstore, mas, segundo Garcez, os preços são de farmácias populares. "Temos um perfil aqui que chamamos de 'farmácia de trabalhador', que só vende genéricos e equivalentes. Cresceu muito esse modelo no Nordeste, principalmente no Sergipe, e por isso precisamos dar bastante desconto", diz. Fonte: DCI Autor: Pedro Arbex Leia mais em tudofarma 05/04/2017
05 abril 2017
Redes independentes se armam para enfrentar concorrência com gigantes
quarta-feira, abril 05, 2017
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Ruy Moura
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