11 abril 2017

Mercado de capitais capta R$ 52 bi no primeiro trimestre e ensaia retomada

As empresas brasileiras captaram R$ 52,23 bilhões no mercado de capitais no primeiro trimestre, volume 139% superior a igual período de 2016. É o melhor patamar de ofertas para os meses iniciais de um ano desde 2014, antes da atual recessão econômica.

Na avaliação do diretor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), José Eduardo Laloni, é um começo de ano muito animador. "Estamos otimistas [para 2017]. Os juros estão mais baixos e a inflação controlada, isso cria um ambiente muito bom para o mercado de capitais. A capacidade de superar valores [anuais anteriores] é grande", aponta.

Entre os destaques do período, a Anbima registrou o crescimento de 563% das ofertas de bônus (bonds) no exterior para US$ 9,95 bilhões até o final de março, ante US$ 1,5 bilhão em igual período do ano passado.

Além de Petrobras, Vale e do Tesouro que costumam abrir as operações no exterior, outras companhias como: a Fibria, Raízen, Embraer, Rumo, Marfrig, Suzano e Globo também captaram no mercado internacional.

O diretor da Anbima contou que "todas" as áreas de investimentos dos bancos estão movimentadas. "A medida que o mercado de capitais vai se aproximando de uma taxa de juros menor, e a TJLP [taxa de juros de longo prazo subsidiada pelo Tesouro] vai sendo substituída em TLP [taxa de longo prazo], onde taxa do BNDES começa a convergir para o juro de longo prazo no Brasil, o mercado de capitais será a grande alavanca para complementar os recursos do BNDES", argumentou.

Laloni afirma que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um "grande selo" para as operações por ser um "ótimo" avaliador de risco. "Juntos - mercado de capitais e BNDES - formam uma dobradinha vencedora", diz o executivo.

O diretor lembrou que no passado, o BNDES financiava mais de 70% dos projetos, enquanto o mercado entrava com uma fatia menor. Daqui para frente, Laloni acredita que o mercado de capitais terá participações "bem maiores" nos projetos de investimentos.

Os números divulgados ontem pela Anbima mostram que as empresas utilizaram a maior parte dos recursos captados via emissão de debêntures para refinanciamento de passivo (58,1%), seguido por: capital de giro (19,5%), para a recompra ou resgate de debêntures emitidas anteriormente (11,5%), e 10,9% do volume foram destinados para investimentos em infraestrutura.

Embora essa participação em infraestrutura ainda seja considerada modesta, Laloni comparou que o mercado registrou seis emissões de debêntures incentivadas no primeiro trimestre de 2017, frente apenas uma em igual período do ano passado. Em volume, o aumento foi de 153% para o montante de R$ 633 milhões, ante R$ 250 milhões nos 3 primeiros meses de 2016. "Concentrado no setor elétrico", diz.

Nessa categoria de debêntures de infraestrutura, a Anbima relacionou as ofertas: CTEEP em R$ 300 milhões; Rio Grande Energia com R$ 130 milhões; Paranaíba Transmissora de Energia com R$ 120 milhões; CPFL Energia em R$ 60 milhões. E em menor escala, a Banda de Couro Energética emitiu R$ 14,5 milhões e a Baraúnas II Energética conseguiu R$ 8,8 milhões em recursos.

Ainda na renda fixa doméstica, a Anbima destacou a emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) que alcançou o volume de R$ 1,322 bilhão no trimestre, sendo R$ 805 milhões relativas a operação da Klabin pela Eco Securitizadora. "79,1% do volume em CRAs são de pessoas físicas", comentou Laloni.

Ofertas de ações

Se na renda fixa internacional e doméstica, o clima é positivo, na renda variável (emissões de ações), o cenário é promissor, mas com cautela diante do andamento da reforma da Previdência Social no Congresso.

A expectativa, segundo Laloni, é que se a reforma for aprovada até o terceiro trimestre, haverá um ambiente favorável no mercado de capitais, tanto para investidores como emissores. "Estamos muito confiantes na aprovação da reforma da Previdência", disse.

Os números divulgados do exercício já caracterizam uma movimentação maior das empresas para ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) e de aumento de capital, operação conhecida como follow-on.

Até março, foram concretizados os IPOs da Movida Rent a Car e da Hermes Pardini que somaram R$ 1,5 bilhão; e duas ofertas de aumento de capital: Lojas Americanas (R$ 2,4 bilhões) e CCR (R$ 4 bilhões). Ao todo, as emissões de ações arrecadaram R$ 8 bilhões.

Para abril, a oferta do Santander está praticamente finalizada, e se aguarda o IPO da aérea Azul na bolsa brasileira (B3). Em análise pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estão: o IPO da Log e o follow-on da Alupar. DCI Leia mais em cloipping.abinee 11/04/2017

11 abril 2017



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