08 abril 2017

Maersk coloca à venda a Mercosul Line

A Maersk Line, maior armador de navios de contêineres do mundo e líder nos tráfegos de longo curso, se adiantou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e colocou à venda sua empresa de cabotagem no Brasil, a Mercosul Line - uma das três do mercado da navegação doméstica em contêineres, com quatro navios.

A Maersk precisa vender a Mercosul Line para evitar concentração no mercado de cabotagem brasileiro. O grupo dinamarquês está comprando a alemã Hamburg Süd, que é dona da Aliança, líder dos tráfegos marítimos domésticos brasileiros. Juntas, Mercosul Line e Aliança têm quase 80% da capacidade total em Teus (contêiner padrão de 20 pés) - sendo 59% da Aliança e 21% da subsidiária da Maersk.

Apesar de crescer a quase dois dígitos nos últimos anos, a cabotagem de contêineres no Brasil é um mercado de poucos operadores. Além da Mercosul Line e Aliança, a outra concorrente do segmento é a Log-In. Com capital aberto na Bovespa, a Log-In tem a Alaska Investimentos como maior acionista individual.

O escritório do grupo de origem dinamarquês em São Paulo tem recebido uma série de visitas. O Valor apurou que entre os potenciais interessados na Mercosul Line estão grandes armadores de linhas internacionais presentes no Brasil, como a francesa CMA CGM - que já quis entrar no negócio da cabotagem.

Outros nomes comumente citados pelo mercado como eventuais interessados são a Mediterranean Shipping Company (MSC), segundo maior armador do mundo, a alemã Hapag Lloyd, a japonesa Nippon Yusen Kabushiki Kaisha (NYK) e a chinesa Cosco Shipping. Todos gigantes no transporte de longo curso.

A cabotagem brasileira é considerada um mercado com barreiras para estrangeiros. Para atuar no negócio, a empresa precisa construir embarcações no Brasil ou importar navios novos. Esses dois fatores dificultam a atração de novos companhias. Nos anos recentes, os estaleiros nacionais estavam tomados por encomendas da indústria offshore, que viveu um bom momento, e o imposto de importação para trazer navios torna o negócio muito caro.

A Maersk Line confirmou "a intenção de vender a Mercosul Line". Ela informou que a decisão tem o propósito de assegurar que o Cade aprove rapidamente a aquisição da Hamburg Süd. "O desinvestimento vai garantir que o setor de cabotagem brasileiro permaneça competitivo e que os clientes possam se beneficiar de um amplo leque de 'players'", afirmou ao ser questionada pelo Valor. Sobre os possíveis interessados, a companhia disse que "não comenta".

A frota da Aliança reúne os maiores navios em capacidade nominal. Entre 2013 e 2014, a Aliança reestruturou sua frota com um investimento de R$ 700 milhões na compra de seis navios porta-contêineres com capacidades que variam de 3.800 Teus a 4.800 Teus. Atualmente, a empresa conta com onze embarcações em operação no serviço e atua em 15 portos com um total de 104 escalas mensais. A despeito da crise, a Aliança projeta crescimento entre 3% e 5% neste ano no volume de cargas. Em 2016, registrou alta de 7% na cabotagem, com 210 mil contêineres transportados pela costa.

A Maersk Line anunciou no fim de 2016 que fechou acordo para compra da Hamburg Süd, sétimo maior armadores de contêineres do mundo e líder na cabotagem brasileira e nos tráfegos de longo curso que envolvem o Brasil. O negócio deve ser concluído ainda neste ano.

A Maersk Line teve receita de US$ 20,7 bilhões em 2016, queda de 13% sobre 2015. O montante representou 58% da receita do grupo Maersk, que atua ainda em outros setores. Fonte: Valor Leia mais em portosenavios 07/04/2017



08 abril 2017



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