GuiaBolso é a primeira startup de serviços financeiros do País a receber aporte da instituição, voltada para desenvolvimento em mercados emergentes
Lançado em 2014, o GuiaBolso, aplicativo de finanças pessoais, chegou ao mercado sob uma dúvida: o brasileiro entregaria a senha de acesso ao seu extrato bancário pela internet a um aplicativo para, em troca, ter o controle automático de sua conta, sem precisar digitar os valores em uma planilha de orçamento?
Dois anos depois, o dilema entre privacidade e comodidade parece ter pendido para lado do aplicativo: o GuiaBolso tem hoje 2 milhões de usuários e é o app de finanças mais baixado no País, à frente dos programas dos grandes bancos.
Agora, de olho na consolidação, a empresa se prepara para a sua quarta rodada de investimentos, dessa vez com a participação da International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial. Será a primeira vez que uma fintech (startup que une tecnologia e serviços financeiros) do País vai receber investimentos da instituição, voltada para desenvolvimento do setor privado nos mercados emergentes. “O investimento no GuiaBolso está alinhado com a estratégia de apoiar empresas inovadoras que façam com que serviços financeiros sejam mais competitivos e acessíveis para empresas e indivíduos, algo fundamental para o desenvolvimento socioeconômico sustentável do Brasil”, disse, em nota, Kai Schmitz, líder da IFC para investimentos de Fintech para América Latina. Em todo o mundo, a IFC já investiu US$ 180 milhões em 26 empresas.
Além da instituição do Banco Mundial, a nova rodada de investimentos, que soma ao todo R$ 60 milhões, terá a participação de três investidores que já são sócios da empresa: a Kaszek Ventures, dos fundadores do Mercado Livre; o Ribbit Capital, principal fundo dos EUA especializado em fintechs; e o QED Investors, que pertence ao cofundador da Capital One.
A empresa, criada por Benjamin Gleason e Thiago Alvarez, ex-funcionários da McKinsey, tem ainda entre seus investidores a Omidyar Network, do fundador do eBay, e hoje um dos mais importantes fundos focados em empreendimentos com impacto social.
“Esse momento de crise econômica reforça a relevância de um aplicativo voltado para o controle de gastos”, afirma Pedro Waengertner, CEO da aceleradora AceleraTech e presidente da Associação Brasileira de Empresas Aceleradoras de Inovação e Investimento (Abraii). “E essa nova rodada de investimentos vindos de fora mostra que o investidor internacional está com o olhar para o longo prazo no Brasil.”
Retrato. Segundo os fundadores, a crise trouxe um novo perfil de usuário ao GuiaBolso. “Antes, o aplicativo estava mais restrito aos ‘planilheiros’, pessoas já habituadas a controlar as finanças, mas que buscavam uma solução mais prática”, diz Gleason. “Agora, há muitos usuários que estão tentando começar a organizar as contas.”
Na base de 2 milhões de usuários do app, o salário médio é de R$ 4 mil e 35% estão usando o cheque especial. “Diante disso, vamos lançar, provavelmente no próximo mês, uma funcionalidade que vai permitir ao usuário trocar dívidas caras, como cheque especial e o rotativo de cartão de crédito, por outras mais baratas”, afirma Alvarez.
Essa funcionalidade abre espaço para o aplicativo, que é gratuito, começar a ganhar dinheiro com seus serviços. “A ideia é passar a receber uma pequena comissão em função desse ganho de eficiência, que é bom para todo o sistema”, complementa Gleason.
No horizonte de cinco anos, a expectativa da dupla é de que o GuiaBolso atinja 20 milhões de usuários, e que, além de um aplicativo de controle de gastos, vire uma referência para decisões financeiras. De acordo com os sócios, uma pesquisa feita com 22 mil usuários mostrou que, em três meses, as pessoas conseguiram economizar quase o triplo do que estavam habituadas e que o número dos que utilizavam o cheque especial caiu 25% no período. Por Cátia Luz - O Estado de S.Paulo Leia mais em estadao 11/05/2016
11 maio 2016
IFC, do Banco Mundial, investe em app brasileiro
quarta-feira, maio 11, 2016
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Ruy Moura
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