24 maio 2016

Juntas, Bayer e Monsanto superam Syngenta no Brasil

A possível aquisição da americana Monsanto pela alemã Bayer criaria uma nova líder no mercado de defensivos agrícolas no Brasil, uma vez que a empresa resultante da transação passaria à frente da suíça Syngenta, que ocupa o primeiro lugar nesse segmento no país. Ontem, a Bayer oficializou uma proposta de US$ 62 bilhões pela rival.

No ano passado, a alemã respondeu por 17% das vendas de agroquímicos no Brasil, número que, somado aos 5% da americana, chegaria a 22% (ou pouco mais de US$ 2 bilhões), ante os 18% da Syngenta, de acordo com Flávio Hirata, da consultoria Allier Brasil.

O especialista ressalta que as duas empresas são "bem complementares". Ele lembra que embora a Monsanto seja mundialmente conhecida pelo herbicida glifosato, a maior parte de sua receita vem do mercado de sementes - a múlti é a maior empresa global do ramo. Já a Bayer tem um grupo de sementes "que ainda não deslanchou", mas um "portfólio completo de proteção de plantas".

Hirata também chama atenção para os benefícios dessa união para as duas empresas, quando se avalia a concorrência. "O glifosato dá volume, mas a margem é muito estreita. E os chineses estão entrando no mercado brasileiro e no americano, e vão dominar [esse produto]. Mas não vão dominar, no curto nem no médio prazos, o mercado de sementes", afirma.

Além de alterar profundamente a configuração do mercado mundial de insumos, acirrando os ânimos com outros competidores de peso, a investida da Bayer terá reflexos importantes para o produtor rural. "Ele deve ficar amarrado, mais dependente dessa nova empresa. Quanto mais concentrado o mercado, mais dependente o usuário final fica, sem dúvida", avalia.

Liderado pela Monsanto, o mercado brasileiro de sementes no Brasil é avaliado em US$ 4 bilhões anuais. A empresa não divulga quanto detém do segmento. Procurada, a Bayer também não forneceu detalhes sobre seu posicionamento em sementes no país. em 2015, a divisão agrícola da alemã no Brasil teve vendas de R$ 7,5 bilhões, enquanto a americana faturou R$ 4,89 bilhões no ano fiscal de 2015 (setembro de 2014 a agosto de 2015).

Se concretizada, a transação reforçará a tendência de consolidação no setor, que ganhou ritmo nos últimos anos. Entre os movimentos mais recentes, estão a aquisição da Cheminova pela FMC, no segmento de defensivos, além da fusão entre Dow e DuPont no fim de 2015. Em fevereiro deste ano, foi a vez da estatal chinesa ChemChina fazer uma oferta pela Syngenta, empresa que havia rejeitado uma proposta anterior feita pela Monsanto.

A Bayer também tem adquirido várias empresas de sementes desde 2010, especialmente na América Latina. Adquiriu, no Brasil, o banco de germoplasma da Melhoramento Agropastoril, as empresas de soja Wehrtec e SoyTech, a tecnologia de melhoramento de plantas da CVR e o negócio de sementes da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL). Na Argentina, comprou a FN Semillas e a Biagro; no Paraguai, a Granar. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 24/05/2016

24 maio 2016



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