24 maio 2016

Governo deve apresentar ativos para tentar atrair investidor estrangeiro

O governo brasileiro pretende realizar uma série de encontros com investidores para dar publicidade a um amplo plano de venda de ativos, uma iniciativa-chave para ajudar a levantar recursos e reduzir o déficit orçamentário recorde. Segundo o secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Wellington Moreira Franco, uma rodada dos chamados roadshows é considerada como passo necessário para divulgar os ativos e a estrutura legal e regulatória por trás do programa. Ele não deu um cronograma nem disse quais ativos serão vendidos.

Porém, cinco fontes com conhecimento do plano disseram na última semana que Moreira Franco e o ministro das Relações Exteriores, José Serra, liderarão os roadshows, que podem ocorrer em Nova York, Londres e outros centros financeiros. Duas das fontes disseram que as apresentações estão agendadas para meados de julho.

A lista de ativos prontos para venda ainda está em produção. O governo do presidente interino, Michel Temer, quer vender fatias majoritárias na unidade de distribuição de combustíveis da Petrobras e na elétrica Furnas, e algumas das instalações operadas pela Infraero, acrescentaram as fontes.

Moreira Franco não deu ainda uma estimativa de quanto o governo pode arrecadar com vendas de ativos, embora duas das fontes tenham dito que os recursos podem variar entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões nos próximos dois anos.

Levantamento feito pelos economistas Gesner Oliveira e Luiz Castelli, da GO Associados, mostra que o potencial de recursos obtíveis com a venda de ativos do governo federal é de R$ 127,863 bilhões, sendo, principalmente, R$ 42,244 bilhões com a Petrobras (cujo valor de mercado é de R$ 147 bilhões e a participação da União no capital social da é de 28,7%) e R$ 44,352 bilhões com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (com valor de mercado de R$ 44,352 bilhões e participação da União no capital social de 100%).

Existe ainda potencial de R$ 32,008 bilhões com a venda do Banco do Brasil (cuja participação da União é de 55,5%). Entretanto, se o governo vender cerca de R$ 40 bilhões e utilizar estes recursos para abater sua dívida, conseguiria economizar cerca de R$ 5,7 bilhões (0,1% do Produto Interno Bruto - PIB) com pagamento de juros em um ano , afirmaram os economistas da GO Associados, no estudo.

Objetivos

Segundo Moreira Franco, a meta do PPI é ajudar a criar empregos no momento em que o Brasil enfrenta recessão econômica e queda de preços de commodities. Além disso, o plano pode ajudar o país a levantar recursos extras para reduzir o déficit que a maior parte dos economistas prevê que irá superar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

É hora de acabar com o monólogo do governo e começar a construir soluções com nossos parceiros , disse Moreira Franco na sexta-feira passada, acrescentando que o modelo legal e de investimentos será projetado de forma que potenciais ofertantes se sintam seguros e confiantes .

A autoridade de investimentos do Catar, Abu Dhabi Investment Co PJSC, e a Mubadala Development Co PJSC estão entre os fundos soberanos convidados para comparecer aos roadshows, disseram três das fontes. Empresas de investimentos canadenses e companhias de infraestrutura europeias também foram contatadas, acrescentaram as fontes. Alguns dos maiores bancos de investimento que operam no Brasil também comparecerão às reuniões, muitos deles representando potenciais compradores.

Em comunicado, o gabinete de Michel Temer disse que o governo pretende transferir para investidores privados diversos ativos, fatias e empresas, embora ainda esteja analisando quais deles e quais outros permanecerão nas mãos do governo .

Porta-vozes do gabinete de José Serra não comentaram. Porta-vozes dos fundos soberanos e das empresas canadenses, incluindo a Brookfield Asset Management, também não comentaram até o fechamento desta edição.

De acordo com o governo, o calendário e a lista das parcerias, concessões, PPPs, arrendamentos e outros tipos de contratos serão elaborados pelo Conselho do PPI. Já a execução - desde os estudos prévios de engenharia, jurídico, ambiental e econômico, além da elaboração dos editais e dos leilões - ficará a cargo dos ministérios com a supervisão e o apoio do PPI, que ajudará a coordenar todas as ações para que as parcerias sejam feitas com transparência e agilidade. Fonte: Reuters Leia mais em canaldoprodutor 24/05/2016

24 maio 2016



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