01 fevereiro 2014

Integração de TI: vital para o sucesso de fusões e aquisições

O crescimento das empresas por meio de fusões e aquisições foi o tema de meu artigo anterior nesta coluna. Entre os desafios para uma operação bem sucedida analisamos a importância de dedicar trabalho e energia à fase de integração. Um dos pontos frequentemente subestimados nessa etapa é a integração das estruturas de Tecnologia da Informação das empresas.

Um projeto de integração de TI engloba desde a concepção e a arquitetura da mudança até a conclusão da convergência de sistemas administrativos e operacionais. Minha experiência de 15 anos em consultoria mostra que, recorrentemente, um mau planejamento de TI está entre os fatores que levam ao insucesso de fusões e aquisições. Limitações tecnológicas podem comprometer a execução do que foi planejado no momento do fechamento do negócio e, assim, frustrar os ganhos esperados.

 O problema tem origem em uma questão cultural. Soa quase como natural que, antes da assinatura do contrato, apenas executivos nos cargos de CEO e CFO se envolvam com a negociação. Mensura-se o impacto, sobretudo, de questões financeiras, sem que haja uma avaliação precisa de quanto tempo e dinheiro terão de ser investidos para integrar as estruturas de tecnologia das duas empresas.

 A participação do profissional de TI ao longo do processo de fusão ou aquisição reduz o risco desse ‘erro de cálculo’. A análise pré-deal feita pela área de TI envolve um estudo sobre as estruturas de tecnologia da empresa a ser adquirida e uma estimativa do custo e do prazo de integração com os sistemas usados na empresa compradora. Após a concretização da aquisição, o profissional de TI deveria participar do comitê de integração, ao lado de executivos das áreas administrativas e financeiras da companhia.

O desafio para integração tecnológica engloba duas esferas: os sistemas de backoffice, para gestão de atividades administrativas, e as soluções que gerenciam o core business da empresa. O grau de integração necessário varia de acordo com cada caso, mas, se as duas companhias envolvidas na operação forem do mesmo ramo, por exemplo, é preciso integrar ambos os sistemas.

Além do trabalho de análise e planejamento da área de TI, a tecnologia dos Centros de Serviços Compartilhados (CSC) vem ajudando empresas que passam por operações sucessivas de fusão e aquisição a estruturarem com rapidez um único sistema de backoffice. Em uma aquisição, uma empresa com um CSC estruturado tem condições de, em um mês, integrar a gestão de backoffice.

Criado nos Estados Unidos no final dos anos 70, o conceito ganha força no Brasil. Atualmente, existem mais de 100 CSCs no País e há potencial para a implantação de cerca de mil centros. Estima-se que 90% das empresas globais de médio e grande porte adotem o CSC como parte integrante de suas estratégias. O número é da comunidade de pesquisa Shared Services & Outsourcing Network – SSON. Vale lembrar que muitas dessas companhias têm como parte de sua estratégia de crescimento as fusões e aquisições.

A incompatibilidade entre sistemas de tecnologia, em certas indústrias, pode ser a diferença entre atingir ou não os objetivos esperados com a aquisição. Uma integração de TI leva até 5 anos e pode custar milhões de reais, a depender do porte das empresas e da complexidade dos sistemas. Sem dúvidas, um custo que não deve ser negligenciado. Planejar com cautela e trabalhar com atenção ao integrar sistemas é vital para uma aquisição de sucesso. Por Denis Del Bianco, diretor corporativo da TOTVS| Consulting, possui mais de 15 anos de experiência em consultoria. É formado em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pós-graduado em Gestão de Negócios pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) e tem certificação PMP (Project Management Professional). Há cinco anos, ingressou na TOTVS para estruturar a divisão de Consultoria, da qual é o líder desde 2010.
Fonte: canaltech 31/01/2014

01 fevereiro 2014



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