28 fevereiro 2014

Reestruturação da BRF custou R$ 111,7 milhões até agora

A reestruturação da BRF, promovida pela gestão Abilio Diniz, gerou custos de R$ 111,7 milhões à empresa no terceiro e quarto trimestres de 2013. Esses custos não recorrentes, que ainda não acabaram, impactaram os resultados dos últimos três meses de 2013, uma vez que elevaram as despesas operacionais. No período, o lucro da empresa teve uma queda de 60% na comparação com igual intervalo de 2012 e ficou em R$ 208 milhões.

 Em teleconferência nesta sexta-feira, com analistas, para falar dos resultados da companhia, o vice-presidente de finanças da BRF, Augusto Ribeiro Júnior, disse que a reestruturação envolveu mudança de pessoal e também alterações em processos.

 Com a necessidade congelar alguns investimentos para aumento de capacidade, a empresa provisionou o impacto parcial de R$ 34,6 milhões e também fez uma provisão de R$ 6,1 milhões no trimestre por conta da redução do número de SKU's (diferentes itens do estoque), explicou.

 O CEO global da BRF, Claudio Galeazzi, que também participou da teleconferência disse que cortes de níveis [hierárquicos] e de cinco escritórios regionais da empresa, pois havia duplicidade de funções. Numa crítica ainda que discreta à administração anterior, Galezzi disse que "o planejamento integrado da BRF não era replicado no planejamento de produção".

 Indagado por analistas sobre quando as mudanças começarão a dar resultados, Galeazzi disse que isso "deve começar a aparecer no segundo semestre" deste ano. Segundo ele, estão sendo tomadas 28 ações com o objetivo de capturar R$ 1,9 bilhão em resultado operacional a partir de 2016. "Todas as medidas visam efetuar mudanças internas para obter melhores resultados e reduzir custos", reiterou.

 O presidente do conselho de administração da BRF, Abilo Diniz, também participou da teleconferência e evitou falar dos números do quarto trimestre. Preferiu destacar o resultado do ano passado, quando o lucro líquido da BRF aumentou 38%, para R$ 1,062 bilhão. Segundo ele, o desempenho da empresa em 2013 "foi muito bom" e voltou a dizer que a BRF, precisava de mudanças. "A BRF é uma grande companhia, mas precisava de um golpe de rejuvenescimento". Numa alteração de tom em relação a manifestações anteriores, acrescentou que os comentários não eram uma crítica à gestão passada. "Não é meu estilo", afirmou.

 Abilio disse que é necessário aproveitar a estrutura criada na BRF para que ela seja mais ágil. Ele reconheceu que a empresa teve alguma dificuldade no mercado interno "porque tivemos de fazer muitas mudanças". Mas disse que a reestruturação feita na companhia é uma tentativa de colocá-la num "rumo melhor porque ela estava muito travada".

 Claudio Galeazzi apontou entre os problemas que afetaram o quarto trimestre de 2013 questões envolvendo logística . "No último trimestre, tínhamos produtos disponíveis em lugares errados, o que afetou o resultado", afirmou.

 Apesar do resultado fraco no último trimestre ? a receita também desapontou, com crescimento de apenas 0,8%, para R$ 8,2 bilhões no período, por conta da redução nos volumes ?, Galeazzi disse que BRF " vem conseguindo melhorar seu desempenho nos primeiros meses deste ano. "Já conseguimos aumento no marketing share na maior parte de categorias", disse, citando dados de Nielsen para o bimestre dezembro de janeiro.

 Ele também afirmou que a BRF deve atingir o budget previsto no trimestre e disse que o Capex estimado de R$ 1,5 bilhão para este ano será direcionado para aumento de produtividade e não para crescimento da produção.

 Em relação à política de fusões e aquisições da BRF, Galeazzi afirmou que a companhia só irá fazer aquisições se puder digeri-las. A BRF vem reiterando, desde a chegada de Abilio Diniz ao conselho de administração, seu desejo de ser mais internacionalizada e já tem tratativas com empresas no exterior. É o caso da Americana, do Kuwait, com a qual assinou um acordo não vinculante mês passado.

 Sobre a divisão de lácteos, Galeazzi informou que a BRF contratou o Itaú BBA para buscar oportunidades, "sejam de joint venture ou venda total ou parcial de ativos em lácteos", reiterou. O desempenho da divisão, que respondeu por 9,2% do faturamento total de R$ 30,5 bilhões da BRF em 2013, não tem agradado à direção da companhia por isso a venda tornou-se uma possibilidade.

 No ano passado, a estratégia da BRF para a divisão foi focar num mix de produtos de maior valor agregado, com redução da oferta de leite longa vida. Com isso, a receita líquida da divisão subiu 3,5%, para R$ 2,8 bilhões, com volume 15,4% menor e um preço médio 24,2% acima de 2012.

 Ao falar sobre as perspectivas para este ano, tanto Augusto Ribeiro Júnior quanto Galeazzi foram cautelosos. Sempre reiterando não se tratar de um "guidance", o vice-presidente de finanças da BRF disse que a empresa "não espera um crescimento de dois dígitos na receita em 2014". Galeazzi, acrescentou que o mercado deve ser "difícil" este ano diante do desempenho da economia.

 Apesar dos resultados mais fracos no trimestre passado, os papéis da BRF na BM&FBovespa. Às 17 horas da sexta-feira, tinham alta de 3,42% a R$ 42,30. Valoronline
Fonte: Uol 28/02/2014

28 fevereiro 2014



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