27 fevereiro 2014

MCassab olha aquisições no negócio de distribuição.

O grupo paulista MCassab, controlado pela família Cutait, chega aos 86 anos de história com cara nova e uma meta desafiadora: dobrar de tamanho até 2018, quando o faturamento deverá atingir a casa de R$ 2,5 bilhões. Com 14 unidades de negócio distribuídas em três grandes áreas - representadas nos três anéis da nova logomarca, que também indicam o compromisso com colaboradores, clientes e fornecedores -, o grupo começa a analisar potenciais aquisições para acelerar o crescimento em algumas dessas áreas e segue em ritmo de forte investimento.

Embora seja mais conhecido pelas marcas Spicy, rede de lojas de presentes e utensílios domésticos mais sofisticados, Lego (o grupo é distribuidor exclusivo no Brasil), a MCassab gerou, no ano passado, mais de 70% de seu faturamento, de R$ 1,2 bilhão, via distribuição de produtos químicos. Além de produzir e exportar os cosméticos Nunaat para mercados como Miami e Dubai, mais recentemente entrou no negócio de criação de tilápias, segmento que promete ganhar relevância no balanço do grupo.

É justamente a preponderante área de distribuição de químicos, assim como a unidade de saúde animal, que podem levar o grupo às compras. "Em químicos, podemos crescer um pouco mais em especialidades", contou ao Valor o diretor acionista Victor Cutait, responsável pela área de distribuição. Há menos de dois anos, o grupo chegou a formalizar uma oferta pela quantiQ, distribuidora de produtos químicos e petroquímicos da Braskem, que recusou a proposta. "Eles queriam um preço muito alto", afirmou Cutait. Ao mesmo tempo em que ajusta o radar no terreno das possíveis aquisições, o grupo manterá aos menos nos próximos dois anos o ritmo acelerado de investimento. Nos últimos cinco anos, os aportes na operação totalizaram R$ 150 milhões, em um terreno para novos centros de distribuição, duas fábricas, um frigorífico de peixes, 15 novas lojas, máquinas e equipamentos, tecnologia da informação e recursos humanos. Esses aportes contribuíram para que o grupo dobrasse de tamanho nos últimos quatro anos.

Neste momento, se prepara para investir R$ 50 milhões na construção do centro de distribuição de Cajamar (SP), projeto que, ao longo de 24 meses, consumirá um total de R$ 120 milhões. Na área de consumo, os desembolsos serão direcionados a três novas lojas Spicy (duas em São Paulo e uma em Salvador, na Bahia) e duas novas lojas Lego, que podem ser instaladas no Nordeste.

Todos os recursos, conforme Cutait, são provenientes de linhas de crédito de instituições financeiras, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou do próprio caixa do grupo. Nessa seara, por sinal, a MCassab não abre mão de características que há décadas acompanham os negócios: controle familiar - não há nenhum plano que envolva mercado de capitais ou venda de ações -, gestão financeira conservadora e empreendedorismo. "Podemos até analisar alguma parceria que venha para somar. Mas nada de `private equity`. Diria ainda que, neste momento, estamos mais para compradores", afirmou.

No último ano, a alavancagem do grupo aumentou e a dívida líquida passou a corresponder a 4 vezes o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). Isso ocorreu, segundo Cutait, por causa do momento de consolidação dos novos negócios e dos investimentos em curso. No fim de 2014, garantiu o empresário, o múltiplo de alavancagem já deverá ter voltado a 2 vezes ou 2,5 vezes no máximo. Por trabalhar com expressivo volume de produtos com preços em dólar - em química, 99% dos itens de portfólio são dolarizados -, o grupo usa seus estoques como "hedge natural" de 70% da dívida em dólar. Para os 30% remanescentes, recorre ao hedge financeiro, contou o empresário.

Como em todo negócio familiar, os Cutait discutiram o tema sucessão há alguns anos e ficou definido que, quando seu pai, Fábio Cutait, deixar a presidência do grupo, o cargo será extinto. Haverá, em seu lugar, um conselho composto pela família (pai, quatro filhos e um cunhado), que será formalizado ainda em 2014 e acompanhará os negócios do ponto de vista estratégico. A profissionalização do grupo teve início há 10 anos, na diretoria. Hoje, são três diretores superintendentes, sete diretores comerciais e um de logística recrutados no mercado.

Conforme Cutait, diante do planejamento estratégico para os próximos cinco anos, é provável que a participação da distribuição de químicos no faturamento do grupo caia a 60% no médio prazo. Para 2014, depois do crescimento de 25% da receita bruta no ano passado, a expectativa é de expansão de 30%, para R$ 1,56 bilhão. Valor Econômico Jornalista: Stella Fontes
Fonte: abradilan 27/02/2014

27 fevereiro 2014



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