03 setembro 2020

Como a pandemia mudou as startups de saúde

Com demandas urgentes e regulações mais flexíveis, as chamadas “healthtechs” ganharam fôlego na quarentena

A pandemia e o isolamento social impulsionaram a digitalização de vários setores. Mas, quando se trata de tecnologia aplicada à saúde, o impacto foi direto. Assim, as startups de saúde, chamadas de “healthtechs”, se viram chacoalhadas por demandas urgentes e flexibilizações num conjunto de regulações. O setor, que soma hoje 542 startups, segundo um levantamento da empresa especializada em inovação Distrito, viu nos últimos meses o surgimento de novas empresas e a transformação de negócios já existentes.

Um dos nomes que nasceram em meio à pandemia foi o da startup Alice. Fundada por André Florence e Matheus Moraes, ambos ex-99, e por Guilherme Azevedo, cofundador do Dr. Consulta, a empresa tem um plano de saúde personalizado. Lançado no mês passado, ele é oferecido por meio de um app, que conecta pacientes a profissionais de saúde contratados pela Alice, além de uma rede de hospitais e laboratórios parceiros – a plataforma organiza os dados dos pacientes para históricos em consultas.

“Percebemos que tínhamos em comum a vontade de ajudar a resolver um pedaço do maior problema do Brasil, que é a saúde. Queremos ajudar as pessoas a ficarem mais saudáveis”, afirma o cofundador Matheus Moraes, em entrevista ao Estadão.

Antes mesmo de começar a operar, a Alice recebeu um investimento de US$ 16 milhões, com participação dos fundos Kaszek, Canary e Maya Capital. “Estamos construindo a Alice desde março de 2019, mas a pandemia acabou transformando em realidade a aposta que tínhamos em acesso digital à saúde”, afirma Moraes.

Além do app, a startup tem a Casa Alice, espaço físico na Avenida Rebouças, em São Paulo, que funciona como ponto de apoio para o acompanhamento de usuários. Para uma pessoa de 30 anos, a mensalidade custa entre R$ 850 e R$ 1 mil. É uma aposta “premium”, já que o valor é bem mais alto do que a média de um plano de saúde tradicional em São Paulo para usuários da mesma idade, cujo preço mensal é de cerca de R$ 500.

Na mesma linha, surgiu a startup Nilo, que começou a operar em abril. Trata-se de uma clínica virtual especializada em pessoas com mais de 50 anos, que levantou investimento de R$ 8 milhões de fundos como Canary e Maya Capital na pandemia. “A ideia é virar aquele médico de família de antigamente”, afirma Victor Marcondes de Oliveira, presidente da Nilo. A empresa oferece o atendimento pelo WhatsApp e tem parcerias com convênios e hospitais.

Gustavo Araujo, cofundador da empresa de inovação Distrito, explica que a aceleração das healthtechs na pandemia se deu especialmente em serviços que diminuem o contato humano. “Além da aprovação da regulação da telemedicina, outras soluções como convênios médicos digitais e prescrições virtuais ganharam força. Estamos percebendo também muitas startups apostando em internet das coisas”, diz.

Direcionamento
Mais do que novas startups, o setor tem visto mudança no direcionamento dos negócios: boa parte das transformações nos últimos meses estão vindo de healthtechs que já estavam no mercado.

É o caso da Omni-Eletronica. Criada em 2016 como um projeto dentro da USP, a empresa tinha como produto um aparelho que ajudava a monitorar a qualidade do ar em grandes espaços como aeroportos e shoppings. Com a pandemia, porém, a empresa viu a necessidade de turbinar a solução. “Agora, um escritório pode monitorar a qualidade do ar do ambiente, identificar a presença de partículas infectadas e mapear quantas pessoas estão no local”, diz Arthur Aikawa, cofundador da empresa, que é acelerada pela Liga Ventures. A Omni-Eletronica projeta crescer quatro vezes em receita neste ano.

Esse movimento também está acontecendo com algumas startups incubadas dentro do centro de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein. Em abril, a Radsquare, que trabalha com um sistema que mapeia temperatura do corpo, e a Hoobox, que possui uma tecnologia de reconhecimento facial, se uniram para criarem uma nova plataforma. Chamada Fevver, ela usa inteligência artificial (IA) para detectar temperatura de pessoas pelos dutos lacrimais – o serviço é oferecido para .. Leia mais em link.estadao 03/09/2020


03 setembro 2020



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