22 junho 2017

'Startup' de microcrédito recebe aporte

Os modelos de negócios de impacto, que visam transformação social e não apenas o lucro, têm crescido no Brasil. A Avante, startup de soluções financeiras para microempreendedores, recebeu um aporte de R$ 38,6 milhões do Fiinlab, laboratório de inovação do grupo Gentera, e do fundo de impacto Vox Capital. "Procuramos investidores estratégicos, alinhados com nosso negócio", diz Bernardo Bonjean, presidente da Avante.

O grupo Gentera trabalha com inclusão financeira e tem 3,7 milhões de clientes no México, Peru e Guatemala. A Vox Capital, que tem como sócio Antonio Moraes Neto, já era um investidor da startup, junto com a Omni Soluções Financeiras e a família Klein, da Casas Bahia.

A Avante atua na distribuição de microcrédito em regiões de baixa renda no Brasil, principalmente no Nordeste. A startup foi criada em 2012 e hoje já tem um valor de mercado de R$ 263 milhões.

Os recursos captados serão empregados na ampliação da atuação no Brasil e no aumento de clientes, que somam 30 mil. "Nossa meta é chegar a 1 milhão de microempreendedores até 2021", diz Bonjean.

O foco da Avante é a base da pirâmide social. O potencial desse mercado é grande. Segundo pesquisa da Plano CDE, a população com renda mensal familiar per capita de até R$ 800 representava 60% da população brasileira, um universo de 113 milhões de pessoas. Bonjean estima que os microempreendedores representam entre 25 milhões e 45 milhões de pessoas no Brasil. A startup está em 116 municípios nos Estados do Maranhão, Pernambuco, Ceará, além da favela de Paraisópolis, em São Paulo.

Para alcançar esse público, a Avante conta com 125 agentes de crédito, que usam modelos de inteligência computacional na avaliação do risco. "A meta é termos 250 agentes até o fim do ano e chegar a 2 mil em 2021", diz Bonjean.

Hoje a Avante oferece microcrédito, máquinas de cartão e conta corrente.

Com o novo investimento, a empresa pretende lançar um novo produto, o smartphone Avante, que incluirá todos os serviços financeiros e também funcionará como terminal de pagamentos com cartão, com um pacote de 100 minutos e 1 GB para dados. "Ele vai poder abrir a conta corrente e receber os pagamentos tudo pelo celular", diz Bonjean.

Um piloto dessa operação deve começar a ser testado em dezembro e a ideia é vender o serviços por R$ 35 por mês e a R$ 75 para aparelhos de última geração. "Com o aparelho, o microempreendedor vai poder vender parcelado e fugir do fiado", diz Bonjean.

O tíquete médio movimentado por cliente é R$ 2,6 mil e a taxa cobrada no microcrédito varia de 2,5% a 5% ao mês. Já foram emprestados mais de R$ 100 milhões para 30 mil microempreendedores.
A Avante atua em um nicho em que os bancos têm dificuldade de penetração.
Apenas 50% dos clientes da Avante são bancarizados.

A startup, que tem como parceiro a financeira Omni, está em conversa com os bancos para repassar as linhas de microecrédito. Neste ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudou as regras de cumprimento de direcionamento obrigatório dos depósitos à vista para estimular os empréstimos para a população de baixa renda. "O que acho que está faltando no Brasil são os bancos investirem nesse tipo de iniciativa", diz Bonjean. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 22/06/2017

 

22 junho 2017



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