26 junho 2017

Grupos de franquias vão às compras

O movimento de fusões e aquisições intensificou-se no mercado de franquias, com três operações importantes realizadas só no último mês. O processo de consolidação do setor continuará em ritmo acelerado, e três CEOs de grandes grupos disseram ao DCI que estão em fase avançada na negociação de novas compras.

O Grupo Zanon, que detém as marcas Seguralta, Los Cabrones e DermaNail, acaba de concretizar uma aquisição, que deve ser divulgada ao mercado nas próximas semanas, e já está em negociação com mais duas marcas de franquias, uma de alimentação e outra de seguros. "Acabamos de adquirir uma marca de saúde e bem estar. Vou assinar o contrato na segunda-feira [hoje] e nas próximas semanas vamos divulgar ao mercado", diz o CEO da holding, Reinaldo Zanon, que não quis antecipar o nome da empresa.

O Grupo Halipar, que adquiriu no início do mês a Croasonho, também está de olho em outras empresas do segmento de alimentação. O CEO da companhia, Ricardo José Alves, conta que há três negociações em andamento, e que duas delas já estão na fase de due diligence. "Temos operações no radar para acontecer ainda este ano."

Desde que formou a holding em 2015, com a união das marcas Griletto, Montana e Jin Jin, o intuito do empresário é fazer novas aquisições. De lá para cá, ele analisou mais de 20 companhias que procuraram o grupo interessadas em vender a marca. "O momento é muito bom para comprar. A crise ajuda nos movimentos de aquisições, já que empresas que não estavam bem estruturadas se tornam alvos interessantes", diz.

A disposição maior de redes pequenas em repassar a marca ou se juntar a grandes companhias foi percebida também pelo Grupo Zanon. O CEO da empresa afirma que nos últimos meses várias redes procuraram o grupo com interesse de vender a operação. "Tem muita gente trabalhando no limite", explica.

O bom momento para ir às compras é comprovado pela consultora do setor de franquias Angelina Stockler, que aponta que mais operações devem ocorrer já nos próximos meses. "Pelo que tenho escutado no mercado pelo menos três novas aquisições devem acontecer em breve", diz.

Se depender do empresário Carlos Wizard Martins, que acaba de criar a holding Wiser Educação (fruto da aquisição da escola NumberOne na semana passada), o ramo deve se manter aquecido, em termos de fusões e aquisições. O empresário afirma que continuará incorporando redes menores ao portfólio e que já está analisando mais duas escolas de idioma, também redes de franquias. "No momento estamos na fase de análise, verificando o potencial e avaliando as finanças. Possivelmente até o final do ano faremos um anúncio."

Com a criação da Wiser Educação, conta, o plano é formar um conglomerado de marcas nos moldes do Grupo Multi (criado pelo fundador da escola Wizard e vendido por R$ 1,7 bilhão à Pearson em 2013). O empresário diz, no entanto, que a ideia não é vender a holding depois de consolidada, e sim fortalecer as marcas e ganhar cada vez mais mercado.

Tendência

O movimento sinalizado pelas três holdings não é pontual no setor e, de acordo com o diretor internacional da Associação Brasileira de Franchising (ABF), André Friedhein, o mercado verá cada vez mais empresas se unindo, por fusão ou aquisição. "É uma tendência muito forte."

Apesar de terem se intensificado nos últimos dois anos, as operações começaram a ocorrer no franchising há cerca de sete anos. A grande diferença, segundo Friedhein, é justamente o ritmo e o formato dos negócios. "Antes, o que acontecia muito eram fundos de private equity entrando nas franqueadoras. Agora, temos visto as próprias empresas se juntando para ganhar força e escala", diz.

A consolidação consistente do setor, contudo, ainda não passa de uma tendência, já que hoje existem apenas 54 grupos que detém mais de uma marca de franquia, segundo levantamento realizado pela ABF. O diretor internacional da entidade afirma que o número é muito baixo, ainda mais se comparado com mercados mais maduros, como o dos Estados Unidos.

"A tendência é que essa participação cresça muito, até pelo número de franqueadoras no setor [mais de 3 mil]. Tem muitas empresas a serem incorporadas e novos grupos consolidadores que devem surgir", diz.

Benefícios das holdings

Ganhos de escala na compra, sinergia em diversas etapas da operação e maior atratividade na prospecção de novos franqueados são alguns dos benefícios, dentre outros, de deter mais de uma rede de franquia.

As vantagens foram citadas por todas as holdings e podem ser resumidas, de forma simplista, em uma frase: redução de custos e ganhos financeiros. "É um modelo que funciona muito bem em qualquer lugar do mundo, porque traz uma série de sinergias", corrobora Ricardo José Alves, da Halipar. Um exemplo, segundo Reinaldo Zanon, são os ganhos com marketing e treinamento compartilhado dos franqueados.

Além dos pontos citados, o CEO do Grupo Trigo (Spoleto, Domino's e Koni), Antonio Moreira Leite, ressalta que outro grande benefício de possuir mais de uma marca é estar protegido em momentos de crise econômica. "As marcas têm ciclos de maturação e performances distintas, então esse mix de portfólio acaba protegendo o desempenho do grupo como um todo aos cenários de crise."

A holding, que possui 645 unidades, não tem planos de novas aquisições no curto prazo, mas Leite é categórico: "Somos por natureza uma empresa consolidadora. Na medida em que apareça uma oportunidade que ainda não esteja ocupada e que possamos agregar um valor perene vamos analisar", diz.

Os quatro grupos de franquias ouvidos pelo DCI vão investir na consolidação de suas companhias também através do crescimento orgânico de cada uma das marcas, com planos agressivos de novas aberturas de lojas ainda para este ano. O CEO da Halipar, no entanto, parece resumir bem o sentimento geral: "Vamos crescer organicamente, mas o foco principal serão as aquisições. É um tiro certeiro, em uma tacada só você ganha muito em volume." DCI Leia mais em portal.newsnet 26/06/2017 

26 junho 2017



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