28 março 2013

Entre 700 candidatas, I.Systems recebe aporte

O biólogo Fernando Reinach é conhecido no mercado de inovação pelo alto nível de exigência. À frente da Votorantim Novos Negócios, antiga empresa de investimento do grupo Votorantim, ele chegou a avaliar 1,2 mil empresas para escolher apenas 12. "Só uma parte dos US$ 380 milhões disponíveis foi investida. Se o negócio não for realmente inovador, não há porque investir", afirma. 

Com cuidado idêntico no papel de gestor do Fundo Pitanga, Reinach levou dois anos para fazer o primeiro aporte. A escolhida, entre 700 companhias, foi a I.Systems, empresa de software de automação industrial, com sede em Campinas (SP).

 Fundada por Igor Santiago, Ronaldo Silva, Leonardo Freitas e Danilo Halla, matemáticos e engenheiros da computação formados pela Universidade de Campinas (Unicamp), a empresa só concluiu seu software carro-chefe em 2011.

 O software baseia-se na chamada lógica difusa, ou lógica "fuzzy". Um software tradicional executa funções de forma binária: dependendo da regra estabelecida, faz ou não uma tarefa. A lógica "fuzzy" usa uma série de cálculos (algoritmos) para ampliar as formas de executar ou não uma tarefa, dependendo de uma série de variáveis. Os freios ABS, por exemplo, usam essa lógica, o que permite realizar uma frenagem brusca ou lenta, de acordo com a velocidade do veículo, a proximidade com um obstáculo e outros fatores.

 O uso dessa tecnologia, no entanto, era limitado pelo seu alto custo. Para realizar tarefas com base em muitas variáveis, é necessário definir regras de forma manual, que precisam ser adaptadas para cada equipamento. Em função do custo, a lógica difusa só é adotada em produtos para venda em massa, como os freios ABS e software para ajuste automático de foco em câmeras fotográficas.

 Os sócios da I.Systems desenvolveram algoritmos que fazem a definição automática dessas regras, o que melhora o desempenho dos softwares de automação industrial usados pelas companhias. O primeiro teste foi feito na unidade de Jundiaí (SP) da Femsa, engarrafadora da Coca-Cola, disse Igor Santiago, presidente da I.Systems. A Femsa apresentava perdas no envase de líquidos porque os equipamentos, mesmo com software de automação, enchiam as garrafas com mais ou menos líquido que o estabelecido no rótulo; as garrafas com menos líquido eram descartadas. A adoção do software permitiu reduzir essa discrepância e evitou uma perda de 700 mil litros de líquido por ano, com economia de 11%.

 O software é usado por 25 companhias, incluindo Femsa, Usina São Martinho, Lanxess, Rhodia e Ajinomoto. "O investimento se paga em menos de um ano, o que o torna atraente", disse Santiago. O software já foi testado no controle de energia em caldeiras, no envase de líquidos e em destilarias. 

Reinach disse não ter encontrado um software semelhante no mercado internacional. "O objetivo do fundo é encontrar empresas realmente inovadoras e que possam tornar-se globais. Acredito que a I.Systems tem o potencial que procuramos", afirmou.

 O valor do investimento é mantido em sigilo, mas Reinach disse que o Fundo Pitanga investe de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões por empresa. Com o aporte, a I.Systems planeja expandir as vendas no Brasil e, em uma etapa futura, iniciar as vendas no mercado internacional.

 O Fundo Pitanga tem disponíveis R$ 100 milhões e foi criado por Fernando Reinach; Pedro Moreira Salles, da família que fundou o Unibanco; Fernão Bracher, fundador do banco BBA, e seu filho Cândido Bracher, presidente do Itaú BBA; Luiz Seabra, Pedro Passos e Guilherme Leal, fundadores da Natura; e Eduardo Vassimon, vice-presidente do Itaú. Reinach prevê fazer um novo aporte até o fim do ano. Valor Econômico
Fonte: investe.sp 28/03/2013

28 março 2013



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