Depois do fracasso no lançamento de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em 2011 e das negociações conduzidas por seu controlador, o grupo Galvão, para a venda de uma fatia da empresa, a CAB Ambiental está mais cautelosa. A companhia segue com o plano de se capitalizar, mas o caminho será percorrido mais lentamente.
A empresa de saneamento vai anunciar em até 15 dias a listagem no segmento de acesso da bolsa brasileira, o Bovespa Mais, porém sem a intenção de realizar neste momento uma oferta pública de ações. A ideia é aumentar a exposição ao mercado financeiro e promover a governança corporativa, de olho numa negociação dos papéis mais à frente.
No início de 2012, o BNDESPar, braço de participações do BNDES, comprou 33% da CAB por R$ 120 milhões. O acordo de acionistas feito com o banco prevê o IPO.
"Estamos caminhando em linha com a estratégia original", afirmou o novo presidente da CAB, o engenheiro civil Mário de Queiroz Galvão - irmão de Dario Galvão, presidente do grupo. "Primeiro se injeta capital, depois a empresa se endivida e depois busca um sócio-parceiro estratégico para, então, ir a mercado se capitalizar e poder suportar novos investimentos".
Segundo o executivo, a CAB poderá optar por promover uma listagem mais adiante diretamente no Novo Mercado, padrão mais elevado de governança corporativa da BM&FBovespa, no qual só poderá emitir ações ordinárias (com direito de voto). Desta vez, entretanto, a companhia vislumbra um prazo maior para a operação, já que Galvão considera pouco provável fazer o IPO antes de 2015.
"A busca é sempre ir a mercado no melhor momento", disse Galvão. O Bovespa Mais permite à empresa realizar o IPO em até sete anos após a listagem.
Na primeira tentativa de IPO, a CAB tinha um tamanho ainda pequeno e o mercado se dispôs a pagar um preço abaixo do esperado pelos controladores, o que levou ao fracasso da operação. A venda de uma fatia ou da totalidade das ações da Galvão na CAB também não se concretizou por conta das propostas feitas por companhias como Foz do Brasil, do grupo Odebrecht; GS Inima Brasil, pertencente à sul-coreana GS Engineering & Construction; e Aegea, do grupo Equipav; além de fundos de investimentos. A negociação tinha como objetivo capitalizar o grupo Galvão.
O presidente assumiu o comando da CAB em janeiro, substituindo Yves Besse, que, por enquanto, permanece no conselho de administração da companhia.
Desde 2009, Galvão ocupava a presidência do conselho da CAB, cargo que vai acumular agora com a direção da empresa. Segundo ele, não haverá mudanças com relação à gestão anterior.
"A reestruturação da CAB já vinha sendo coordenada por mim. Não haverá nenhuma mudança estratégica. Em função do momento atual, vamos focar mais no processo operacional da companhia", afirmou.
Ao acumular os dois cargos, Galvão espera dar maior agilidade à companhia, que está colocando o pé no freio em termos de novos projetos. A maior pendência está vinculada à manifestação de interesse em uma PPP de esgotamento sanitário da Corsan, no Rio Grande do Sul.
Neste momento, a empresa de saneamento do grupo Galvão diz contar com recursos suficientes para suportar os investimentos contratuais, de R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão até 2017. De toda forma, a empresa quer estruturar o capital para poder investir mais adiante, seja por meio de financiamentos de longo prazo ou com alguma captação no mercado financeiro.
De acordo com o presidente, a empresa deve emitir debêntures em 2013, seja para a própria holding ou para suas sociedades de propósito específico.
Neste ano, a CAB pretende consolidar a atuação e vai investir R$ 300 milhões. A companhia é responsável por 18 operações (quatro parcerias público-privadas e 14 concessões municipais, em contratos de água e esgoto) em cinco estados brasileiros. A maior delas é a concessão em Cuiabá (MT).
A CAB Ambiental foi constituída em 2006. No ano passado, a empresa faturou R$ 280 milhões - o dobro do valor de 2011 - e teve Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 85 milhões, número 240% superior ao do ano anterior. O total de funcionários ainda cresceu de 589 para 1.215.
Para este ano, a empresa espera faturar R$ 405 milhões e apresentar Ebitda de R$ 145 milhões. A maior mudança deve ser sentida a partir de 2017, quando a CAB espera ter receita de R$ 750 milhões e Ebitda de R$ 420 milhões, com os contratos de concessões e PPPs em nível mais avançado e uma necessidade menor de investimentos.
Antes da criação do grupo, o mais recente presidente da CAB Ambiental trabalhou na Queiroz Galvão, conglomerado que teve como um dos fundadores seu pai. Com seus três irmãos - Dario, Luciana e Eduardo -, Mário também integra o conselho de administração do grupo Galvão.
Por Beatriz Cutait - Valor Econômico
Fonte: clippingmp 14/03/2013- 14/03/2013
14 março 2013
CAB vai ao Bovespa Mais, após tentativa de venda
quinta-feira, março 14, 2013
Infraestrutura, Investimentos, IPO, Meio Ambiente, Plano de Negócio, Tese Investimento, Transações MA
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Ruy Moura
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