16 junho 2011

Emergentes sofrem após aquisição por gigantes

Líderes da tecnologia colecionam gastos e fracassos com as "startups"
Integração difícil, burocracia e falta de foco são problemas; interesse das empresas pode ser apenas parcial

Na universidade, você cria um serviço de internet. Sua empresa emergente, conhecida em inglês como "start-up", chama a atenção. E, logo, uma gigante do setor faz uma oferta milionária. Sucesso? Nem sempre.

O pós-compra de uma "startup" por uma grande companhia pode ser o início de um calvário cujo capítulo final é o desaparecimento do serviço. Nos últimos anos, Google, Yahoo!, Microsoft, Cisco, Zynga e Apple colecionaram gastos milionários e fracassos proporcionais a eles nesse tipo de negócio.

Um exemplo: Em fevereiro de 2008, a Microsoft comprou por US$ 500 milhões a Danger, criadora dos celulares Sidekick. A equipe foi colocada para trabalhar na série de smartphones para jovens Kin, um grande fracasso.
Os celulares foram retirados das lojas devido à baixa procura. E os fundadores da Danger deixaram a Microsoft para se juntar ao Google.
O caso da Microsoft tem características parecidas com outros tantos. Há obstáculos de integração, burocracia paralisante e falta de foco e planejamento para o pós-compra.

É como se os gigantes fossem buracos negros supermassivos engolindo talentos.
Antes populares, os serviços deixam de inovar e o interesse por eles cai. Para as "startups", é o caminho para o fechamento. Para as empresas, é o do prejuizo.
"A maioria das empresas compra startups pelo talento, não pela tecnologia, pela receita ou pelos usuários", diz Jared Tame, autor do livro "Startups Open Sourced" ("startups" de código aberto, em tradução literal). Seria esse o motivo pela facilidade com que as companhias descartam as emergentes.

Isso foi o que aconteceu com a Cisco. Em 2009, ela comprou a Pure Digital, fabricante das câmeras Flip, por US$ 590 milhões. No último mês de abril, elas foram tiradas do mercado. Especula-se que a Cisco queria apenas os criadores do produto.
"As companhias deveriam deixar as startups em paz depois de comprá-las. Uma estrutura gigante deixa tudo mais lento e a equipe pode ficar deprimida", diz Don Dodge, defensor de desenvolvedores no Google.

Fonte: Folha de São Paulo 15/06/2011

16 junho 2011



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