14 junho 2011

Banco da Inglaterra recorre às buscas do Google para avaliar tendências econômicas

RIO - Que o Google se tornou o grande oráculo para os internautas em várias partes do mundo não é novidade. Mas, agora, quem aderiu à busca por respostas pelo site foi o Banco da Inglaterra, que, a partir do seu último boletim trimestral, encontrou uma correlação entre as buscas no Google por termos como "corretores imobiliários" e mudanças nos preços dos imóveis, diz reportagem do site do "The Guardian".
Palavras como "desemprego", "corretores imobiliários" e "VAT" (imposto de valor agregado, cobrado sobre o consumo) digitados pelos usuários têm ajudado o banco central a reunir informações sobre a situação da economia britânica e expandir o conhecimento sobre o desemprego, os gastos dos consumidores e o mercado imobiliário.

O estudo tem demonstrado uma evidente relação entre o volume de certos termos consultados pelo Google e dados econômicos de pesquisas tradicionais. Apesar de o banco admitir que o método tem limitações, ele acredita que as informações das buscas on-line podem ser uma fonte de inteligência cada vez mais útil sobre o país.
"As informações pesquisadas na internet têm o potencial de serem extremamente eficientes para o direcionamento da política econômica, à medida que desenvolvimentos nesse setor são feitos e o retorno sobre esses dados aumenta", disseram os pesquisadores Nick McLaren e Rachana Shanbhogue, no último boletim da instituição.
Tendências

Os resultados mais surpreendentes da pesquisa foram do termo "corretores de imóveis", que acompanhou de perto as mudanças nos preços médios dos imóveis nos últimos oito anos. De acordo com McLaren e Shanbhogue, quando feita corretamente, a busca no site forneceu um panorama mais preciso do mercado do que outros tipos de pesquisa.

O monitoramento das buscas mais populares também mostrou que termos relacionados ao desemprego no país tiveram grande volume, como "JSA" ("jobseeker's allowance", o seguro-desemprego) e a própria palavra "desemprego" foram os mais pesquisados, paralelamente ao aumento do número de pessoas desempregadas na época da recessão.
Já as buscas sobre "VAT" feitas desde 2003 foram confrontadas com a pesquisa de confiança do consumidor do instituto GfK e novamente apresentaram correlação, mas não explicaram exatamente o comportamento dos consumidores.

A proposta de considerar os resultados das pesquisas na internet tem sido vista com bons olhos pelo banco, mas a instituição tem advertido que não se deve ter confiança em excesso nesses dados.
- Qualquer iniciativa para tentar melhorar e tornar mais atuais as informações sobre a situação econômica do país é válida. O uso da internet tal como o banco central está propondo pode ser útil para identificar potenciais aspectos de mudança ou desenvolvimento das tendências, mas eu seria muito cuidadoso ao interpretá-los - disse Howard Archer, economista do Global Insight.

Fonte: O Globo 13/06/2011

14 junho 2011



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