13 junho 2011

Desequilíbrio nos IPOs.

Investidores brigam pelas empresas de tecnologia, mas ignoram outros setores.

A rede social profissional LinkedIn abriu o capital na Bolsa de Nova York com alvoroço. No seu primeiro dia de pregão, as ações mais que dobraram de valor.

O site de buscas russo Yandex também estreou em Nova York com pompa e circunstância – suas ações subiram 50% no primeiro dia. Agora, os investidores aguardam ansiosos para comprar ações do site de compras coletivas Groupon, que deve chegar à bolsa em breve.

Com essas histórias de sucesso, é fácil se esquecer que dezenas de outras ofertas iniciais de ações (ou IPOs, na sigla em inglês) mundo afora este ano resultaram em fracasso – nem que seja um fracasso relativo. Na verdade, o que o mercado tem mostrado é que, fora da área de tecnologia, as aberturas de capital angariam pouco interesse. No início do mês, a mineradora australiana Resourcehouse engavetou o plano de listar ações na Bolsa de Hong Kong, alegando condições desfavoráveis do mercado. A Russian Helicopters, estatal russa do setor aeroespacial, e a empresa de pagamentos Skrill também adiaram as estreias na Bolsa de Londres por razões similares. Na sexta-feira, foi a vez de a Telefônica desistir do IPO da empresa de call center Atento.

“Os investidores estão ávidos por setores específicos, e não por IPOs em geral”, disse Jay R. Ritter, professor de finanças na Universidade da Flórida. Os investidores estão suplicando por empresas de tecnologia, atraídos pelas fortes expectativas de crescimento e o número crescente de usuários.

Os vigorosos ganhos das ações do setor de tecnologia refletem, em parte, a falta de empresas com ações negociadas em bolsa comparáveis. No caso das redes sociais, por exemplo, como são poucos os parâmetros de comparação, os investidores se dispõem a pagar valores exorbitantes, mesmo para projetos de empresas ainda não testados.

Já as companhias de setores mais estabelecidos, como o de commodities, têm uma longa lista de concorrentes na bolsa, o que permite aos investidores avaliar mais facilmente o desempenho potencial das ações e a sua valorização.
Mas, apesar da disparidade do mercado, o canal global de IPOs ainda está repleto de empresas de todos os tipos. O banco espanhol Bankia deve fazer uma oferta pública de ações em breve. A Samsonite, fabricante de malas, planeja listar suas ações em Hong Kong.

Em abril e maio, 36 companhias estabeleceram a faixa de preço para suas ofertas iniciais, frente às 32 nos primeiros três meses do ano. É a mais intensa atividade no setor desde 2007, de acordo com a provedora de dados Renaissance Capital. “O otimismo do investidor está em alta”, disse Lee Simons, da Hoover”s, que acompanha o movimento dos IPOs. “Estamos saindo da recessão e as pessoas têm dinheiro para gastar.”
Fonte: O Estado de São Paulo 13/06/2011

13 junho 2011



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