06 setembro 2020

Investimento anjo anual em startups alcança R$ 1 bilhão no Brasil, aponta ABStartups

Embora expectativa seja de retração em 2020, segmentos nas áreas de edtech e healfhtech mantêm curva ascendente. Educação e saúde são maioria dos negócios em startups no CE

Desde que as startups passaram a ser consideradas por indústrias, administração pública, comércio e serviços como solução tecnológica de mercado para problemas reais, o ano de 2019 foi o mais promissor para o setor.

O volume de investimentos em startups somou, no país, pela primeira vez na série história, R$ 1 bilhão, registrando aumento de 9% em relação a 2018.

Para o Ceará, o modelo que se desenhou ano passado está gerando frutos, especialmente em setores cuja demanda por soluções se potencializou com a pandemia. Prova disso é que, segundo o último levantamento da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), dos 81 negócios do tipo em operação no Ceará, a maioria é em educação (15%), saúde (10,6%), atacado e varejo (também 10,6%). Se nacionalmente há perspectiva de retração em investimentos no setor, no estado há negócios que cresceram 500%.

De acordo com relatório divulgado pela Anjos do Brasil, entidade sem fins lucrativos que incentiva investimento de risco e apoia o empreendedorismo inovador no país, a superação de R$ 1 bilhão nesse tipo de investimento ultrapassou pela primeira vez a série histórica. No entanto, o organismo prevê retrocesso neste ano, equiparando-se às aplicações efetivadas em startups em 2018. “Esse é um ano muito desafiador, a cada mês é um panorama diferente. Sofremos um impacto muito grande final de março e abril. Os investidores tiveram que voltar para suas casas, redefinir projetos, planos, principalmente nas startups já contempladas com investimentos. Com isso, eles pararam de olhar para as novas, as que estavam em busca de captação. Essas não receberam nenhum tipo de atenção. Por outro lado, apoiaram as outras, colocando até um pouco mais de capital”, explica a diretora executiva da Anjos do Brasil, Maria Rita Spina Bueno.

Depois disso, em maio, o interesse em novos projetos retornou. Em junho, projetos que estavam em fase de captação antes da pandemia voltaram a ganhar atenção. “O interesse voltou talvez até nos níveis de pré-pandemia. O que deve haver é uma diminuição no montante investido. Pessoas físicas, anjos, tiveram que investir parte do seu montante nos seus negócios, então eles estão um pouco mais cautelosos. Por isso há previsão de diminuição no volume investido”, diz, acrescentando que o investidor anjo aplica em uma média de três ou quatro startups simultaneamente.

Para Maria Rita, a projeção é que os investimentos diminuam em torno de 10%, voltando aos níveis de 2018. Isso deve ocorrer local, regional e nacionalmente, segundo ela. “O ecossistema está se tornando mais maduro, mas passamos por uma situação muito delicada”, pondera. A diretora acredita que setores que geralmente suscitam interesse de investidores devem se manter em alta, em especial aqueles ligados à indústria e a empresas e que geram soluções em educação, saúde e agronegócio, por exemplo. Em relação à saúde, temas ligados à telemedicina estão em alta, pois a prática foi regulada nacionalmente, o que gera interesse extra e mais segurança para investidores.

Outro setor que se mostra atraente é o e-commerce, que teve aceleração de comportamento motivada pela necessidade de isolamento social. “Muitas pessoas que não pensavam em fazer supermercado online não só estão fazendo como vão manter a prática”, sinaliza. No caso da agricultura, que naturalmente suscita interesse em investimento, deve ganhar mercado devido às transformações de mercado no segmento, com nova geração de processos e produtos.

Os entraves, para Maria Rita Bueno, estão na administração pública e na legislação para o setor. “O governo não consegue comprar inovação. A legislação é muito complexa. Mesmo que o empreendedor traga solução, e que é tão importante, dificilmente consegue vender para o setor público. Se a gente pensar em educação, de 80 a 90% da educação é pública, não é privada. O empreendedor está atuando com um pedaço muito pequeno do mercado. A pandemia evidenciou isso, fez com que as diferenças aumentassem”, analisa.

Para ela, se governo mudasse a legislação, destravasse, dentro do Marco Legal de Startups que tramita no Congresso Nacional, critérios de acesso à inovação tornariam a tecnologia mais democrática. Além disso, a diretora executiva considera que a legislação trabalhista precisa abranger novas formas de trabalho, como o empreendedor de negócios de base tecnológica. “São novas formas de trabalho que precisam ser contempladas. O que é melhor, que se atue sem uma legislação adequada, dentro da que existe, ou que se tenha uma boa legislação? Melhor que se tenha uma legislação adequada”, ensina.... Leia mais em ootimista 05/09/2020


06 setembro 2020



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