06 julho 2020

Das 30 maiores economias, Brasil terá o 6º pior desempenho

Em um grupo de 30 países que respondem por 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial - em dólar e paridade de poder de compra - o desempenho do Brasil será um dos piores no biênio 2020-2021, segundo levantamento do economista Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

A base são as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas em junho.

No mês passado, o fundo piorou de forma significativa as projeções para a atividade econômica mundial. No caso do Brasil, a previsão para o PIB de 2020 foi revisada de queda de 5,3% para recuo de 9,1%, taxa considerada exagerada por alguns economistas. Para 2021, a projeção foi de crescimento de 2,9% para expansão de 3,6%.

Esses números deixariam o Brasil na sexta pior posição no biênio entre aqueles 30 países, com queda média de 3% ao ano no período, ante recuo de 1,3% estimado em abril passado. Piores - mas não muito distantes - que o país estariam, nesta ordem, México (-3,8%), Itália (-3,7%), Argentina (-3,2%) e França (-3,1%).

Com as projeções da FGV-Ibre, de uma queda média de 2,1%, o Brasil passaria para o oitavo pior desempenho. E, com uma queda média de 1,6%, do Focus, haveria 12 países com desempenho pior.

Nas contas do FMI, enquanto o conjunto dos países avançados deverá ter uma retração de 1,8% ao ano do PIB no biênio, contra queda de 1% estimada em abril, os emergentes terão um crescimento de 1,3%, puxado pela China (4,5%) e a Indonésia (2,9%). Puxado pelo Brasil, o agregado da América Latina deve ter retração de 3%, ante uma queda de 1% estimada em abril.

Mediana das projeções do mercado expressa no boletim Focus, do Banco Central, indica queda de 6,5% para 2020 e crescimento de 3,5% em 2021 para o PIB brasileiro.

As estimativas o Ibre-FGV são de queda de 6,5% e alta de 2,5%, respectivamente. “O resultado deste ano ficará mais próximo de 7% que de 9%”, afirma Balassiano.
Seja como for, a queda vai ser forte e a recuperação subsequente deve ser gradual.

Balassiano pondera que embora todos os países enfrentem a mesma crise sanitárioeconômica, o Brasil tem um agravante, a crise política. “O que difere o Brasil é a crise política, que agrava ainda mais a situação”, afirma. O nível de incerteza do país é o mais alto entre esses países.

Outro fator relevante é o ponto de partida do país na crise, muito ruim. Depois da recessão entre 2014 e 2016 houve uma recuperação a taxas muito baixas. Assim, a pandemia chegou num momento de fragilidade econômica, que vai se agravar a níveis históricos, como tudo na crise do coronavírus.
Segundo Balassiano, no fim do ano passado a economia brasileira estava 3,3% abaixo do pico pré-recessão, no primeiro trimestre de 2014. Isso depois de crescer em torno de 1% ao ano entre 2017 e 2019.

 Com a queda de 1,5% no PIB no primeiro trimestre deste ano, em relação ao quarto trimestre do ano passado, a perda acumulada aumentou para 4,8%. No segundo trimestre, as perdas acumuladas podem chegar a 16%, ou mais.

Se realizada, a queda de 9,1% no PIB prevista pelo FMI levaria a um recuo médio de 0,3% ao ano entre 2011 a 2020. Um recuo de 6,5% resultaria numa retração média de 0,1% ao ano. De qualquer forma, a pior década em 120 anos, segundo Balassiano, superando, de longe, a chamada década perdida de 1980, quando houve expansão média de 1,6%. “Crescendo 2% em 2020, estimativa de antes da pandemia, já seria a pior década conhecida”, diz.

Afinal, este é um período desastroso em que três fatores se combinaram: PIB caindo por dois anos consecutivos (2015-2016), uma retomada muito vagarosa após essa recessão e, agora, uma pandemia de proporções históricas junto a uma crise política.

“Em resumo, o coronavírus agravou uma situação que já era bem ruim”.
A retomada deve ser novamente lenta. A principal variável no pós-pandemia será o mercado de trabalho. “Antes do coronavírus, tínhamos quase 70 milhões de brasileiros em situação vulnerável, entre subocupados, desalentados, desempregados e mais 40 milhões de informais”. Esse número deverá ser bem maior nos próximos meses, diz o economista.

A isso se soma a incerteza sobre uma eventual segunda onda de covid-19, a reação de empresas e consumidores ao fim do isolamento, e o gerenciamento do grande déficit fiscal resultante da pandemia. “Não sabemos muito bem o que vai acontecer”. Jornalista: Ana Conceição. Fonte:Valor Econômico.. Leia mais em portal.newsnet 06/07/2020

06 julho 2020



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