07 julho 2020

Alice no país... do plano de saúde proibitivo


O mercado de plano de saúde individual já abriu crateras no balanço e se tornou o cemitério da rentabilidade para as operadoras de saúde, levando muitas delas a deixar de oferecer o produto.

Agora, três sócios com passagens pela 99 e pelo Dr. Consulta acreditam ter desenvolvido um produto capaz de baixar os custos e se tornar rentável nesse mercado.

A Alice é uma startup que quer inovar em quatro frentes: “é digital, tem uma experiência impecável, um relacionamento forte com os segurados pelo time de saúde, e uma rede credenciada de qualidade num modelo de value-based healthcare [em que a cobrança é baseada no desempenho, e não no volume],” Guilherme Azevedo, o cofundador, disse ao Brazil Journal. 

O time de saúde (formado por enfermeiros, médicos, nutricionistas e psicólogos) vai fazer o acompanhamento dos segurados, ajudando-os a se manter mais saudáveis e a navegar pela rede de atendimento. Os usuários poderão consultar a equipe médica da Alice pelo aplicativo ou fisicamente na Casa Alice, uma clínica recém-inaugurada na zona sul de São Paulo. 

A aposta dos fundadores é que o time médico, somado ao modelo de value-based healthcare, seja capaz de reduzir os custos, tornando o negócio sustentável.  

Os fundadores passaram 15 meses estruturando o negócio e fizeram o lançamento do produto semana passada. 

A startup nasceu com um investimento de US$ 16 milhões da Kaszek, Canary e Maya Capital (da filha de Jorge Paulo Lemann, Lara Lemann).

Num primeiro momento, a Alice vai oferecer apenas uma opção de plano, que dá acesso aos hospitais Oswaldo Cruz e Sabará, à maternidade Pro Matre, e ao laboratório Fleury, além de uma rede de médicos especializados. Para uma pessoa de 30 anos, o preço vai variar de R$ 850 a R$ 1 mil — um price point que a coloca no mesmo nível de planos de alto padrão. 

A Alice está mirando principalmente dois públicos: pessoas que ainda não têm plano de saúde e aquelas que têm planos coletivos por adesão (como os vendidos pela Qualicorp). 

O mercado endereçável é relevante: segundo os fundadores, em São Paulo há 640 mil pessoas que não têm plano e cujo renda permitiria pagar um produto como o da Alice; outras 1,7 milhão de pessoas têm planos que custam na faixa de R$ 1 mil. 

Azevedo, que cuida da parte médica da Alice, foi um dos fundadores do Dr. Consulta e da Gênesis, a maior empresa de criação de tilápias do Brasil.  O CEO da startup é André Florence, que foi CFO da 99, onde trabalhava com Matheus Moraes, então presidente da 99 e hoje COO da Alice.

No futuro, a Alice planeja tornar toda sua oferta modular, permitindo que o segurado personalize sua rede credenciada, escolhendo os hospitais, laboratórios e médicos que vão compor seu plano — uma evolução que permitiria oferecer opções mais baratas de planos. Hoje, ela faz isso apenas para o laboratório. 

“No mercado, existem produtos básicos, médios e premium,” diz Florence. “Mas a pessoa pode querer algumas features de cada um desses níveis e queremos dar essa possibilidade.”  Pedro Arbex e Geraldo Samor Leia mais em braziljournal 07/07/2020

07 julho 2020



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