21 novembro 2019

JP Morgan recomenda apostar no Brasil em 2020 e vê alta firme do Ibovespa

Banco trabalha com Ibovespa entre 126 mil e 144 mil pontos e tem mercado brasileiro entre os principais temas de investimento na América Latina

O JP Morgan apresentou um longo relatório sobre os temas de investimento na América Latina para 2020 e quem abre a lista de recomendações é o Brasil, com firme previsão de alta para o Ibovespa.

Segundo o banco, temos uma narrativa única entre os mercados emergentes, considerando uma agenda ampla e profunda de reformas que segue adiante apesar da “implementação barulhenta”. Além disso, juros baixos pavimentam o caminho para uma recuperação puxada pelo consumo, o que permite aumento nos lucros e reduz a preocupação com o preço dos ativos (valuation).

No cenário base, o Ibovespa terminaria 2020 aos 126 mil pontos, o que representa uma alta de 18,2%, sobre os 106.557 pontos considerados no dia da avaliação. No cenário mais otimista (bull case), o índice poderia chegar aos 144 mil pontos, valorização de 35,1%.

Caso as coisas não saiam como o planejado (bear case), o Ibovespa recuaria aos 95 mil pontos, queda de 10,8%. Os “ursos” seriam soltos pela morte do esforço reformista e baixo crescimento.

As previsões para o mercado brasileiro de ações estão acima da média esperada para a região. No cenário básico, o MSCI LatAm tem potencial de alta de 11,7%, e no cenário mais otimista, de 30,3%. Também cairíamos menos que os 14,4% previsto para o índice regional no cenário negativo.

A premissa básica do JP Morgan é que a economia global pode estar voltando a acelerar e que as ações de política monetária dos BCs vão afastar o temor de uma recessão.

A visão é de crescimento acelerando na América Latina, mas com inflação baixa, o que permite que os cortes de juros feitos em 2019 sejam preservados ou mesmo ampliados, combinação única para a região. No lado político, foco nos protestos populares.

O que comprar?

O banco também apresenta dois quadros com suas as ações mais e menos preferidas para a região.
Nos chamados “top picks” temos Afya, Azul, CBD, Copel, Cyrela, Intermedica, IRB, Petrobras ON, Randon, São Martinho, Sonae Sierra e Vale ON.

Os papéis menos preferidos, que têm recomendação entre “neutro” e “abaixo da média” são: BB Seguridade, Braskem, Cogna, CVC, Cteep, Marfrig, Odontoprev, Oi, Tenda, Usiminas e Weg.

País distinto

A convicção do JP Morgan na recomendação acima da média (OW) é “elevada” e está baseada em três fatores fundamentais:

Inflação e expectativas baixas por longo período permitem ao Banco Central cortar e, mais importante, manter o juro em patamar baixo, algo "transformacional" para o Brasil
Uma retomada do crescimento está a caminho, com a taxa de crescimento anualizada dobrando
Agenda de reformas estruturais continua avançando no Congresso
Além do cenário internacional, o maior risco para essa tese de investimento é a ameaça do baixo crescimento, que pode resultar em uma política fiscal mais frouxa conforme as eleições de 2022 ganhem relevância no cenário.

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Gringos x Locais

No relatório, o JP Morgan também avalia a saída do estrangeiro da bolsa, notadamente do mercado secundário, e atribui o movimento ao saque generalizado de recursos que se observou em outros emergentes. Mas acredita que assim que esse fluxo mudar de mão, o Brasil poderia se beneficiar.

No lado doméstico, o banco nota que estamos passando por uma mudança estrutural. O juro baixo veio para ficar. O JP Morgan trabalha com Selic de 4,5% no fim de 2019 e 4,25% no começo de 2020. Mesmo acreditando que o juro pode voltar a subir no fim do ano que vem, não teríamos um ciclo de alta, mas sim um ajuste.

Esse cenário tem contribuído para as elevadas captações de recursos pelos fundos multimercado e de ações. Os dois grupos levantaram R$ 227 bilhões em 2019 até outubro e a expectativa é de que essa rotação da renda fixa para ativos de maior risco continue em 2020.

Bilhões ainda estão fora do jogo

Para o JP Morgan, o que temos visto é “apenas o começo”. A alocação total da indústria de fundos no mercado de ações era de apenas 12% dos ativos até agosto, percentual inferior à média de 15 anos de 13,6% e bem abaixo da máxima de 21,7% registrada em 2007.

Além disso, a alocação total dos fundos de pensão no mercado de ações estava em 18,2%, abaixo da média de 15 anos de 27,7%.

Como resultado, diz o banco, se a alocação dos fundos de pensão voltar à média, o potencial de ingresso de recursos no mercado seria da ordem de US$ 41,6 bilhões, algo como 3,8% da capitalização de mercado da B3 em dólares.

Com relação aos pares da região, apenas Colômbia também aparece com “overweight”. Peru tem classificação neutra. México, Chile e Argentina estão com “underweight”... Leia mais em seudinheiro 21/11/2019


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