19 novembro 2019

De olho nos novos unicórnios, gestora Spectra capta fundo de até R$ 850 milhões

Especialista em selecionar e investir em fundos que compram participações em empresas, Spectra Investimentos vê mercado de startups efervescente no país, mas com risco de bolha

Os amantes da gastronomia que já tentaram fazer reserva em um restaurante estrelado, de um chef famoso, sabem que podem esperar meses por uma data disponível. Pois o mesmo acontece com os fundos mais quentes do mercado, aqueles que são especialistas em descobrir empresas novatas (startups) com potencial de valorização astronômico.

Para conseguir um lugar nos fundos estrelados, a gestora brasileira Spectra Investimentos decidiu reservar uma mesa antes do mercado lotar: aplicou há cinco anos uma pequena parcela do capital nos fundos que começaram a captar recursos para investir em startups brasileiras.

Dessa safra saíram aportes em empresas que viraram unicórnios – avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão. Entre elas estão o banco digital Nubank, a plataforma de academias Gympass, o aplicativo de transporte 99 e a empresa de maquininhas de cartão e meios de pagamento Stone.

Agora que alguns dos fundos mais bem sucedidos reabriram para uma nova rodada de captação em busca de novos unicórnios, a demanda de investidores dispostos a aplicar foi muito maior do que a oferta, o que deixou a maioria de fora. Mas os cotistas mais antigos, como a Spectra, tiveram prioridade por um lugar.

Quem me contou a história foi Ricardo Kanitz, sócio-fundador da gestora. O investimento nos “caçadores” de unicórnios é apenas uma das estratégias da Spectra, que também acaba de captar um fundo que pode chegar a até R$ 850 milhões – o valor final ainda depende da confirmação da entrada de um último cotista.

Como a aposta inicial se mostrou correta, a Spectra agora vai alocar um percentual maior nesses fundos. A gestora já reservou lugar na mesa da Kaszek, conhecida por ser uma das primeiras a investir no Nubank, e na Monashees, conhecido pela descoberta do o aplicativo de transporte 99, um dos primeiros unicórnios brasileiros.

Para Kanitz, conseguir uma vaga entre os cotistas dos melhores fundos é fundamental para ganhar dinheiro com o investimento em startups. “O desempenho dos fundos em geral é ruim, mas o retorno obtido pelos melhores acaba deixando a média interessante”, disse.

Como costuma acontecer, a proliferação de startups que alcançam a avaliação de US$ 1 bilhão levou a uma corrida pelos novos unicórnios. Junto com as empresas, surgiram nos últimos anos uma série de fundos especializados no investimento em potenciais unicórnios.

“O mercado está efervescente e conseguiu se provar. Mas começo a ver um risco de bolha, o que torna ainda mais necessário estar com os bons gestores”, diz Kanitz.

Fundo de fundos

Esse é justamente o trabalho da Spectra, que opera como um "fundo de fundos", ou seja, capta recursos de investidores para selecionar e aplicar em outras carteiras. A gestora se especializou no mercado de fundos que compram participações em empresas com o objetivo de vendê-las com lucro no futuro – mais conhecidos como private equity e venture capital.

Trata-se de um investimento de altíssimo risco e praticamente sem liquidez – o prazo para a devolução do dinheiro aos cotistas pode levar até dez anos. Mas o retorno costuma compensar. Nos três fundos anteriores, a gestora obteve um retorno de 40% ao ano a seus investidores.

Por falar em falta de liquidez, uma das especialidades da Spectra é justamente comprar com desconto cotas de fundos de outros investidores que querem receber os recursos antes do prazo determinado. A gestora fechou recentemente a compra das cotas de sete fundos que pertenciam à Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras) por R$ 180 milhões, com desconto de 30% em relação ao valor original.

Além da seleção de fundos, a Spectra investe diretamente em participação em empresas em parceria com outras gestoras. Uma das tacadas certeiras foi o coinvestimento feito com a Starboard na Mineração Caraíba, que abriu o capital na bolsa canadense de Toronto e rendeu 4,5 vezes o capital aplicado.

No novo fundo, a gestora também vai abrir um pouco mais o leque para investir uma parte do patrimônio em "legal claims" – créditos de processos judiciais.

Jorrando dinheiro

Como você já deve ter percebido, a Spectra é uma gestora bem diferente das tradicionais. Mas as classes de investimentos alternativos como o de fundos que compram participações em empresas vêm ganhando cada vez mais atratividade.... Leia mais em seudinheiro 19/11/2019


Veja também




19 novembro 2019



0 comentários: