11 outubro 2019

Horizonte das operações de M&A - "out/2008 versus out/2019”

Interessante comparar as expectativas das  atividade de fusões & aquisições sob o clima de outubro de 2008 -  quando ainda vivíamos o auge da grande crise financeira internacional com o estouro da bolha imobiliária -  e o atual cenário de oportunidades otimistas que o país está vislumbrando .

Em 12/out/2008,  publiquei post sob o título " Horizonte das operações de M&A “  em que descrevia nove fatores que teriam forte  influencia no horizonte  das negociações de fusões e aquisições no mercado brasileiro.

De uma economia claudicante e onze anos depois, estamos assistindo um crescimento mais lento,  mas sustentável, uma agenda colossal de privatizações, ambiciosos programas de concessões, leilões de pré-sal e cessão onerosa, taxa de juros baixas, inflação sob controle, percepção de risco país pequena. Com uma bolsa de valores na iminência de bater o recorde de volume de ofertas de ações neste mês, de R$ 70 bilhões de 2007, sendo que número de ofertas, naquele ano foi maior.

Ou seja, o que antes era o viés do pessimismo agora é do otimismo.
O que era postergado, atualmente é antecipado.
O que era redução de IPOs, atualmente é quebra de recordes.
De nível tímido, devemos  alcançar neste ano volume inédito de cerca de 1.000 negócios de M&A.
Quanto ao “valuation”, no lugar de múltiplos menores a expectativa é de múltiplos maiores.
E também um maior volume de crédito à taxas mais competitivas, onde o crédito privado, o fluxo e o estoque, superam o crédito público.

Vale a pena comparar aquele momento histórico, com os dias de hoje.

"Horizonte das operações de M&A - 12/out/2008"

As operações de Fusões & Aquisições no “ middle-market” brasileiro nos próximos seis ou doze meses deverão ter forte influência de fatores decorrentes da atual crise financeira internacional. A relação abaixo não esgota o assunto, simplesmente evidencia algumas ações que já estão ocorrendo.

1. As grandes operações de M&A serão postergadas - Por conta das incertezas, particularmente do impacto de eventuais restrições de crédito a taxas atrativas, os planos de crescimento agressivos que implicam em desembolsos elevados no curto prazo poderão ser suspensos ou adiados alguns meses devido à falta de crédito.
2. Crescimento das participações de Fundos de Private Equity – Os Fundos deverão aumentar sua representatividade no processo e ser um relevante parceiro fora do mercado de capitais para investimentos de longo prazo em empresas de capital fechado.
3. Redução do número de IPO’s - Mesmo que em 2008 praticamente não ocorreram operações de abertura de capital, havia, contudo, expectativas por parte de várias empresas que estavam se preparando para ir ao mercado. Um adiamento do processo de cerca de um a dois anos, até os mercados voltarem ao normal é inevitável. O foco das aquisições será preponderantemente com recursos do mercado doméstico.
4. Valuation – múltiplos menores - Comparativamente, os múltiplos praticados até recentemente sofrerão alguma redução por conta da redução da liquidez e da retração do número das empresas consolidadoras.
5. Redução das operações alavancadas - As operações de crédito alavancadas ficarão mais difíceis e as condições mais restritivas (covenants).
6. Participação maior para Earnouts - Nos casos em que o preço de aquisição é composto por parcela de pagamento no fechamento e parcela(s) dependentes de cumprimento de metas e indicadores de desempenho por parte dos gestores (earnout), esta última passa a ter maior peso.
7. Alongamento dos prazos pagamentos - Possivelmente haverá negociações para ampliar ao prazo de pagamento da aquisição e, principalmente, redução do valor da primeira parcela “cash”.
8. Due diligence mais demorada e rigorosa - Como forma de mitigar eventuais riscos de uma diligência mais expedita, os compradores serão mais rigorosos, principalmente em relação às contingências e seus respectivos desencaixes financeiros.
9. Consolidação entre grupos intermediários – limitações de crédito e difícil acesso ao mercado de capitais farão que empresas de porte médio, que tenham competências em mercado em crescimento poderão aproveitar economias de escala mediante fusões entre elas. 

Qual é a sua lista? - Por Ruy Moura

Autor do texto  Ruy Moura - publicado em 11/10/2019



11 outubro 2019



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