Abismos entre a percepção de valor de comprador e vendedor são comuns, em função da baixa proficiência do mercado em finanças corporativas e da ausência de dados do preço de transações comparáveis
Apesar de a venda de empresas movimentar nossos noticiários diários, poucos sabem que muitas negociações não sobrevivem ao funil de um processo de M&A (termo em inglês para Fusões & Aquisições).
A baixa taxa de concretização de negócios no Brasil deve-se a alguns fatores, comparando nossa experiência aqui e no exterior.
O primeiro é a menor qualidade das informações das empresas médias brasileiras, em sua maioria familiares e não auditadas.
Compradores gastam tempo considerável para um conforto mínimo sobre as informações financeiras que, após ajustes, podem já não mais justificar o preço da transação.
O segundo é a presença de contingências, que são riscos de materialização de passivos.
Em países com leis punitivas e fiscalização eficaz, contingências tributárias e trabalhistas são quase inexistentes, dado o alto grau de conformidade empresarial, em ambientes com legislação punitiva e fiscalização eficaz. Já no Brasil, as complexas regras e altos tributos reduzem a conformidade, o que aumenta o risco aos compradores e alonga o due-diligence - etapa de auditoria feita pelo potencial comprador. Altas contingências aumentam a retenção de preço, o que pode inviabilizar a venda.
Por fim, abismos entre a percepção de valor de comprador e vendedor são comuns, em função da baixa proficiência do mercado em finanças corporativas, da ausência de dados do preço de transações comparáveis e até dos desafios inerentes de se construir uma empresa de sucesso no Brasil - fator subjetivo que aumenta a visão de preço justo de venda.
De fato, estima-se que divergência sobre preço ou estrutura de venda encerra quase 40% das negociações.
Essa menor susceptibilidade ao fechamento de transações em terras tupiniquins traz um recado ao empresariado: preparação estratégica profissional é crucial para o sucesso de uma operação de M&A.
O país é um celeiro de empresas diferenciadas e inovadoras, mas para se aproveitar do apetite dos compradores nacionais e estrangeiros, diferenciação e preparação são determinantes. Por Alexandre Scherer Borborema Leia mais em .agazeta 27/10/2019
27 outubro 2019
Baixa qualidade de informações das empresas dificulta vendas e fusões
domingo, outubro 27, 2019
Compra de empresa, Contingências, Desinvestimento, Investimentos, Oportunidades, Private Equity, Tese Investimento, Transações MA, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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