29 setembro 2019

Candido Pinheiro: como dono da Hapvida entrou para o top 10 dos bilionários brasileiros

Como o médico cearense transformou uma pequena clínica de oncologia no grupo de saúde Hapvida, que já vale mais de R$ 38 bilhões e se valorizou mais de 80% desde que entrou na bolsa em abril do ano passado

A trajetória de empreendedorismo de um dos brasileiros que estreou na lista de bilionários da Forbes este ano, com uma fortuna de US$ 3,3 bilhões, começa em 1978 com um calote. Naquele ano, o médico cearense Candido Pinheiro Koren de Lima se revezava entre a chefia do setor de oncologia da Santa Casa e a sala de cirurgia de um hospital particular de Fortaleza.

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“Até o dia em que cheguei para trabalhar e o diretor do hospital disse que eu tinha de pagar a conta de um dos meus pacientes, que tinha saído sem acertar o pagamento”, lembra. Embora tivesse achado um desaforo, o médico assinou o cheque, mas disse que não pisaria mais ali.

Quando comecei esta reportagem, ele era o nono da lista Forbes. Mas, com a valorização das ações na bolsa, encerrou a sexta-feira (27) na oitava posição do ranking em tempo real de bilionários brasileiros.

Em janeiro de 1979, depois desse desentendimento, dr. Candido, como é conhecido, decidiu abrir sua própria clínica, com três consultórios, três apartamentos e enfermaria. Hoje, aos 73 anos, ele é dono de 28 hospitais, 82 clínicas médicas, 19 pronto atendimentos e 88 centros de diagnósticos em 12 Estados do País, que atendem os cerca de 4 milhões de usuários do seu plano de saúde, o Hapvida.

O grupo fez sua oferta inicial de ações (IPO) na Bolsa brasileira em abril do ano passado, movimentando R$ 3,4 bilhões. De lá para cá, os papéis registraram uma valorização de quase 85%, fazendo a empresa atingir um valor de mercado de R$ 38,3 bilhões.

Com o caixa cheio, a Hapvida, que é líder no Nordeste, saiu às compras com o objetivo de expandir seu alcance para o Sul e Sudeste e ser a maior operadora de planos de saúde do Brasil. Em maio deste ano, a Hapvida colocou os pés em São Paulo ao comprar, por R$ 5 bilhões, o Grupo São Francisco, com sede em Ribeirão Preto.

“Eu sou médico oncologista. Nunca quis ser dono de hospital, nem de plano de saúde”, costuma dizer nas poucas entrevistas em que concede à imprensa. “Foram a vida e a demanda dos meus clientes que determinaram esse caminho.” De puxadinho em puxadinho, até uma grande ampliação, a clínica virou o Hospital Antonio Prudente - uma homenagem ao fundador da Associação Paulista de Combate ao Câncer.

O primeiro hospital do grupo se tornou referência e ficou conhecido por atender as famílias mais ricas de Fortaleza. Candido Pinheiro se orgulha de ter realizado ali o primeiro transplante de coração do Ceará. Na década de 1990, criou uma ala para receber pacientes portadores do vírus HIV, numa época em que, com medo do preconceito, eles chegavam aos hospitais tentando esconder a doença.

“No primeiro mês, a ocupação caiu 25%”, disse, em setembro de 2018, em uma entrevista ao dono do grupo Ser Educacional, Janguiê Diniz. “Depois, o desconhecimento foi diminuindo e isso mudou.”

Em 1993, veio o passo decisivo. O médico cearense viu que seu negócio estava ameaçado depois que a única empresa de plano de saúde da região começou a construir um grande hospital para atender seus clientes. “Ou parávamos no dia seguinte ou tínhamos que criar um plano de saúde também. Levei essa proposta para os outros donos de hospitais, mas eles não aceitaram. Então, eu fiz sozinho”, lembra. “Era uma questão de sobrevivência”, contou a Janguiê.

Mais tarde, com a ajuda dos dois filhos, Jorge e Candido Jr, a Hapvida se voltou para o público de baixa renda e estourou — hoje, o ticket é de R$ 166, menos da metade do praticado pelos principais concorrentes. A empresa aproveitou os anos de bonança da economia para se consolidar no Nordeste e tem conseguido passar pela crise que tirou milhares de brasileiros dos planos de saúde.

Para fazer a conta fechar, o grupo cearense acelerou as aquisições e investiu pesado em tecnologia. A Hapvida foi a primeira do setor a usar impressão digital para identificação de médicos e pacientes, em 1999 — ideia do fundador, depois de visitar uma feira de equipamentos médicos nos Estados Unidos. Com a tecnologia, a empresa conseguiu coibir fraudes e empréstimos da carteirinha.... Leia mais em seudinheiro 29/09/2019

29 setembro 2019



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