A varejista francesa Casino, controladora do Grupo Pão de Açúcar (GPA), ampliou em € 1 bilhão seu plano de venda de ativos, que passará a totalizar € 2,5 bilhões até o primeiro trimestre de 2020. A meta inicial de obter € 1,5 bilhão com a negociação de ativos considerados não estratégicos, como imóveis de supermercados, até o início deste ano, foi atingida.
O Casino tem sido pressionado por conta de seu endividamento e a nova meta, anunciada ontem pelo CEO do grupo, Jean-Charles Naouri, visa reconquistar a confiança dos investidores. Fato raro, o empresário também divulgou ontem objetivos financeiros e um plano estratégico de vendas na França para os próximos três anos.
Segundo Naouri, o plano de venda de ativos não inclui nada no Brasil ou fora da França, seu principal mercado. No ano passado, o Casino vendeu 67 imóveis de supermercados Monoprix, por € 742 milhões, entre outros negócios. Neste ano, até agora, o grupo já vendeu mais de 40 lojas no país, tidas como deficitárias, sendo nove hipermercados, além de prédios de 26 outros supermercados.
No Brasil, a companhia vem tentando vender a Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio. Em dezembro, o GPA informou que venderá toda a sua posição na Via Varejo na bolsa até o fim de 2019. Ou pode vendê-la a um "comprador estratégico". Em dois meses, o GPA já fez duas operações em bolsa - vendeu uma fatia equivalente a 7% e tem hoje 36,27% do capital da maior varejista de eletrodomésticos e móveis do país.
"Os imóveis sempre foram considerados um ativo estratégico no varejo. Mas com o comércio eletrônico, não acho que ainda seja o caso", disse ontem Naouri, ressaltando que o Casino ainda possui "muitos ativos não estratégicos". Há, por exemplo, uma dezena de hipermercados que podem ser vendidos, afirmou.
O grupo reduziu em 65% sua dívida na França, que passou de € 7,6 bilhões em 2014 para € 2,7 bilhões em 2018. No total, o endividamento financeiro, incluindo as filiais, é de € 3,4 bilhões. Segundo Naouri, o montante adicional de € 1 bilhão previsto com a venda de ativos será usado para abater dívida. A expectativa também é melhorar o rating do Casino em agências de classificação de risco de crédito.
O Casino prevê elevar em 10% ao ano seu lucro operacional entre 2019 e 2021 e gerar um fluxo de caixa de € 500 milhões ao ano no período. E planeja cortar € 200 milhões em custos até 2020, sem realizar demissões, segundo o CEO.
Naouri também anunciou ontem metas estratégicas em relação às vendas na França. O peso dos hipermercados na receita total deverá ser reduzido dos atuais 21% para 15% até 2021, com o fechamento ou venda de lojas.
Ao mesmo tempo, o grupo vai abrir 300 unidades, entre lojas premium, de conveniência ou de produtos orgânicos nos próximos três anos. O setor vem investindo em lojas desse tipo, para tentar acompanhar as mudanças nos hábitos de consumo. "A revolução no varejo se acelerou nos últimos anos", diz Naouri, se referindo à perda de espaço dos hipermercados e ao crescimento da demanda por alimentos orgânicos. A meta do Casino é que as vendas dessa categoria cresçam 50% até 2021, atingindo € 1,5 bilhão na França.
O novo plano estratégico tem ainda objetivos ambiciosos para o comércio eletrônico, onde o grupo, diferentemente dos rivais, tem posição forte na França com a filial CDiscount. O Casino prevê dobrar as vendas na internet nos próximos três anos, que atingiriam quase um terço de sua receita total no país - a fatia atual é de 18%. No caso específico da venda on-line de alimentos, o objetivo é triplicar a receita até 2021.
O Casino prevê reforçar também a atuação em novas áreas, como a de energia, com a filial Greenyellow, ou a de centros de dados, iniciadas há dois anos.
A receita global, de € 36,6 bilhões, caiu 2,4% no ano passado, considerado o impacto cambial. Na França, o faturamento cresceu 1,2%. O prejuízo do grupo foi de € 54 milhões, mas descontados encargos fiscais excepcionais, houve lucro de € 318 milhões, em queda de 9,4% em relação ao ano anterior.
No Brasil, as vendas cresceram 11% em 2018, impulsionadas pela bandeira de atacarejo Assaí, que avançou 24%.
As ações do Casino fecharam o pregão de ontem na Bolsa de Paris em queda de 2,99%, cotadas a € 43,86. Desde o início de janeiro, os papéis se valorizaram em quase 21%. As ações da holding Rallye, cujo principal ativo é o Casino, registraram alta de 4,95% ontem. Jornalista: Daniela Fernandes Fonte:Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 15/03/2019
15 março 2019
Casino pretende vender mais € 1 bi em ativos
sexta-feira, março 15, 2019
Alimentos, crise, Desinvestimento, Riscos, Tese Investimento, Transações MA, Varejo, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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