23 fevereiro 2018

O apetite insaciável de Lemann

Por que a holding que controla o Burger King quer abocanhar a Domino’s Pizza. O Brasil é parte importante nessa estratégia

Um dos exercícios preferidos de adivinhação dos analistas em todo o mundo é tentar antecipar os próximos passos das empresas controladas por Jorge Paulo Lemann e seu fundo 3G. Nas últimas semanas, a aposta era que a Restaurant Brands International (RBI), holding responsável pelas marcas Burger King, Tim Hortons e Popeyes, faria uma proposta para adquirir a Yum Brands, controladora de KFC, Pizza Hut e Taco Bell, que juntas detém mais de 40 mil unidades pelo mundo. Porém, na semana passada, o foco passou a ser a Domino’s, a principal concorrente mundial da Pizza Hut. “Quem está no ramo de alimentação tem de pensar com ousadia”, diz Marcos Gouvêa de Souza, especialista em varejo e sócio-diretor da consultoria GS&MD. “A Domino’s é uma boa oportunidade para o 3G.”

A aproximação com a Domino’s parece uma novidade no estilo 3G de gestão. Acostumada a adquirir concorrentes para cortar custos, nessa operação a equipe de Lemann só terá a ganhar. Os resultados mostram que J. Patrick Doyle, CEO da Domino’s há nove anos, conseguiu promover mudanças significativas na companhia, como a modernização do atendimento.

A rede de pizzas tem um índice incomum dentre as grandes redes de fast food: mais de 60% dos pedidos, nos EUA, são feitos online. Como consequência, o faturamento no ano passado chegou a US$ 2,8 bilhões. E o lucro cresceu 295% apenas no quarto trimestre, para US$ 277,9 milhões. Ainda não se sabe como seria realizada a operação, mas o valor de mercado da Domino’s subiu pouco mais de 10%, para US$ 10 bilhões, na semana passada.

A RBI possui 20 mil lojas em 100 países e seu faturamento anual é de US$ 23 bilhões. Com a Domino’s, o pedaço do 3G fica ainda maior e a RBI se consolida como uma das maiores redes globais de alimentação. O Brasil teria um peso importante. Há 220 Domino’s no território nacional. A operação é do grupo Trigo, também dono das marcas Spoleto e Koni. “Projetamos uma expansão de 18% no ano e o nosso negócio que mais cresce é a Domino’s. Estamos abrindo de 40 a 50 lojas por ano”, diz Antonio Moreira Leite, CEO da Trigo. “No ano passado, começamos a instalar o sistema de gestão usado nos EUA e vamos trazer o sistema de pedidos online.” Em junho deste ano, Doyle deve se aposentar. Se o negócio se concretizar, isso não deve ser um problema para o 3G, que sempre escolhe homens de sua confiança para fazer o serviço de integração. Carlos Eduardo Valim Leia mais em istoedinheiro 23.02.2018




23 fevereiro 2018



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