Apesar de a Oi ter aberto uma porta ao processo de consolidação do mercado de telecomunicações no Brasil, ao acenar com a venda de suas operações móveis e da rede de fibra óptica em São Paulo, a possibilidade de realização de negócios, por enquanto, não é viável. Há barreiras regulatórias, financeiras e políticas importantes que precisam ser superadas antes de tudo.
Com a recuperação judicial, espera-se que o preço de aquisição dos ativos da Oi tenha redução. Mas os investidores querem saber primeiro onde estão pisando.
Primeiramente, será preciso esperar que o plano de recuperação da Oi seja aprovado e homologado, para saber quem manda na empresa. A partir daí, avaliar qual será a estratégia para o futuro da companhia, diz Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.
Muitas atenções se voltam novamente para a TIM Brasil, que manteve longo namoro com a Oi, mas não levou o compromisso adiante por diversos motivos, entre os quais dívida elevada e governança corporativa frágil. Agora, a controladora Telecom Italia está ocupada com processos de fusão no mercado europeu, além de enfrentar dívida líquida de € 27,5 bilhões.
Em julho, Piergiorgio Peluso, diretor financeiro da Telecom Italia, voltou a destacar que a TIM Brasil é um ativo estratégico. Meses antes, a companhia desistiu de participar de uma consolidação com a Oi, que vinha sendo costurada pela LetterOne, empresa de investimento do bilionário russo Mikhail Fridman. Na sequência, a LetterOne desistiu de investir na Oi. Após a dívida reestruturada e a empresa de volta aos trilhos, o bilionário pode olhar de novo para o Brasil.
O grupo Telefônica Brasil, dono da Vivo, tem avisado que ainda está digerindo a GVT, adquirida no ano passado, e que não planeja novas compras, por enquanto. Mas isso também depende da atratividade do ativo. O grupo espanhol cobiçou a Sky Brasil, segunda maior provedora de TV paga do país, com 28% de fatia, que também atua com banda larga. Mas a americana AT&T, que adquiriu a DirecTV /Sky, em 2015, não mostrou intenção em se desfazer da empresa.
Nos EUA, a AT&T lançou a ideia, este ano, de oferecer TV paga por celular, eliminando cabos e antenas parabólicas, e deixando para trás os pacotes tradicionais de TV por assinatura. No Brasil, falta à empresa a rede móvel. Os americanos ficaram com o pé atrás por causa da instabilidade político-econômica brasileira. Não definiram se queriam continuar no país e expandir a operação, ou mesmo aliená-la. É até possível vender a operação, admitiu o CEO da AT&T, Randhal Stephenson, no fim do ano passado. Mas rapidamente acrescentou que o grupo não tinha pressa. Um novo operador, como a AT&T, não teria restrições.
Se o preço dos ativos da Oi for considerado baixo, isso pode chamar a atenção do bilionário mexicano Carlos Slim, dono da América Móvil, que controla o grupo Claro / Net e Embratel.
Mas todos os rivais da Oi nos serviços móveis enfrentam o mesmo desafio: limite de espectro (spectrum cap). Para evitar concentração de mercado, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) fixou um limite regulatório por tipo de serviço e área de atuação.
Ocorre que praticamente todas as teles já alcançaram esse limite ou estão próximas dele. Se quiserem comprar operações da Oi, a soma do espectro, ou frequência, das duas empresas vai ultrapassar o teto. Uma solução seria devolver uma das frequências à Anatel, de graça, como fez a Oi em 2007, ao comprar a Amazônia Celular, lembra Tude. Não é uma decisão simples, já que o espectro é valioso. Outro ponto importante é a mudança da licença de concessão para autorização, tramitando na Câmara dos Deputados. Por Ivone Santana | Valor Economico Leia mais em aesp 09/09/2016
09 setembro 2016
Teles têm interesse em fusão, mas há barreiras
sexta-feira, setembro 09, 2016
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Ruy Moura
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