05 setembro 2016

Em busca de investimentos para o Brasil

Em visita à China, sua primeira viagem internacional como presidente, Michel Temer tem uma série de encontros bilaterais para tentar atrair investimentos e abrir mercados para as exportações brasileiras. No G-20, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, apresentou um levantamento com oportunidades de investimentos de US$ 269 bilhões no país nos próximos quatro anos.

Grandes oportunidades de negócios podem se abrir ao Brasil nos próximos dias à margem da cúpula do G-20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, na China. O presidente Michel Temer e a tropa de choque de ministros de sua comitiva estão atrás de novos investimentos e mais mercados para as exportações brasileiras. Ferrovias e o projeto do trem-bala estão na mira dos chineses, que chegaram a cogitar uma reunião entre Temer e o presidente Xi Jinping a bordo do trem-bala entre Xangai e Hangzhou. O Ministério da Fazenda, por sua vez, montou um mapa com oportunidades de US$ 269 bilhões em investimentos para o Brasil nos próximos quatro anos. A estimativa foi revelada a uma plateia de 350 empresários em seminário em Xangai pelo ministro Henrique Meirelles. O valor incluiria projetos de concessão, privatização e outorgas.

Ofensiva comercial. Os ministros José Serra (à esquerda) e Henrique Meirelles cumprimentam o presidente chinês, Xi Jinping, ao lado de Michel Temer, em Hangzhou
A disposição chinesa agrada o governo brasleiro, que não descarta adequar as regras de concessão para torná-las ainda mais atraentes à segunda economia mundial e maior parceiro comercial do Brasil.

— Regras serão mudadas para dar mais segurança jurídica, transparência regulatória e ambiente concorrencial. Eles estão interessados no trem-bala e no setor ferroviário. Se manifestarem interesse firme, as relações evoluirão — disse ao GLOBO um integrante do governo.

DE CARNE A AVIÕES DA EMBRAER
Ontem, em reunião bilateral de 40 minutos com Temer, o presidente chinês voltou a expressar interesse no setor de infraestrutura do Brasil e teria manifestado boa vontade para a compra de aviões da Embraer, bem como sobre a possibilidade de continuar a dar suporte financeiro à Petrobras. Segundo o ministro das Relações Exteriores, José Serra, que relatou o teor das conversas a jornalistas, não estão descartados novos financiamentos à estatal brasileira.

A pauta também inclui o interesse brasileiro em acelerar o reconhecimento dos frigoríficos brasileiros que podem exportar para a China e a revisão tarifária para alguns produtos agrícolas de valor agregado mais elevado, como derivados de soja, café solúvel e moído. Xi Jinping, que teria reiterado sua confiança na recuperação da economia brasileira, convidou Temer para uma visita de Estado, em que discutiram uma pauta mais ampla.

Ao ministro da Fazenda coube a função de vender a imagem da virada da economia brasileira. Uma espécie de fiador das finanças públicas do atual governo, Meirelles participará de todas as reuniões bilaterais do presidente. E ainda terá encontros em separado com homólogos de outros países. Hoje, ele se reúne com o secretário do Tesouro americano, Jack Lew.

Pouco depois do evento com empresários, Meirelles afirmou que os US$ 269 bilhões não são uma meta ou compromisso a ser alcançado pelo governo. É uma estimativa para mostrar aos oportunidades aos investidores do que pode ser feito em quatro anos.

— É um mapa. Uma visão do número de projetos que poderão ser feitos e estarão disponíveis no Brasil em infraestrutura, entre 2016 e 2019. Concessões, outorgas, privatizações... Alguns deles já podem ter sido discutidos. Em resumo, é um vasto e amplo programa de investimento em infraestrutura de diversas formas no país.

Na apresentação para 350 empresários, Meirelles destacou o setor de petróleo e gás, com potencial de investimentos de US$ 90,6 bilhões. O número inclui previsões da Petrobras. Em segundo lugar vem o setor de energia elétrica, com US$ 65,5 bilhões, seguido por telecomunicações (US$ 43,6 bilhões), estradas (US$ 26,6 bilhões), saneamento (US$ 10,9 bilhões) e ferrovias (US$ 10,1 bilhões).

Já o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ficará mais três semanas na Ásia. De Hangzhou, ele vai para a cidade de Chongqing, onde participa de outro seminário, destinado a 100 empresas chinesas interessadas em comprar produtos agrícolas brasileiros e a investir no setor. Em seguida, irá a Índia, Coreia do Sul, Tailândia, Vietnã, Mianmar e Malásia.

— Sou um caixeiro-viajante, com uma mala na mão — disse Maggi, destacando que a sua meta é fazer a participação brasileira no mercado mundial de alimentos passar dos atuais 7% para 10% em cinco anos.

E Temer não vai se restringir a fazer negócios com os chineses: ele usará a cúpula do G-20 para fazer negociações paralelas. Com o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, a pauta de Temer inclui, entre outros temas, a compra de aeronaves de transporte militar e reabastecimento KC-390, da Embraer. Ele pedirá ainda o apoio da Itália à negociação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. E buscará atrair investimentos italianos para a área de infraestrutura no Brasil.

Durante encontro com o presidente de governo espanhol, Mariano Rajoy, Temer deve oferecer oportunidades em grandes projetos e nas áreas de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e energia. O Brasil é o segundo destino dos investimentos diretos espanhóis no mundo.

A pauta de Temer incluirá até uma possível nova formatação do Brics (grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). De acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO, a Arábia Saudita quer o apoio do Brasil para entrar no bloco, o que é visto com “bons olhos” pelos membros do grupo.

Temer conversará sobre o assunto com o vice-primeiro-ministro do país, o príncipe Mohammad bin Salman Al Saud. O presidente brasileiro agradecerá o apoio da Arábia Saudita à reforma das estruturas de governança global, em especial do Conselho de Segurança das Nações Unidas. E tentará negociar os KC-390 da Embraer.

Já com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, o interesse é a venda de carne in natura e frutas, além de investimentos em infraestrutura. Temer dirá que quer visitar o país o mais breve possível.
Além disso, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, afirmou ontem que chineses querem investir pelo menos US$ 3 bilhões em um projeto siderúrgico a ser construído em Bacabeira, no Maranhão, conforme antecipara O GLOBO. - O Globo Leia mais em portal.newsnet 03/09/2016

05 setembro 2016



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