14 agosto 2013

PMEs são a 'vitamina' da TI nacional. Mercado externo só com consolidação

Ao destrinchar o desenho do setor de tecnologia da informação e comunicações no Brasil na década de 2000 a 2009, o Observatório Softex conclui que o país conta com um parque estabelecido, mas no qual as empresas nacionais, em geral, ainda gravitam em torno das grandes multinacionais aqui instaladas. A receita, sugere, é vitaminá-las com o atendimento de pequenos e médios clientes, que garantam a musculatura para, então, encarar a competição externa.

“A consolidação das empresas de software e serviços de TI em nível nacional seria uma etapa importante no processo que prevê, futuramente, sua entrada no mercado externo. As atividades no exterior poderiam ser vislumbradas, portanto, como percurso natural (e desejável, mas ainda prematuro) do ciclo de vida e de produto dessas empresas.”

A análise faz parte da conclusão do caderno temático do Observatório Softex chamado Economia da Informação e Internet, que buscou identificar efetivamente qual a dimensão, os setores e os atores dessa ‘economia da informação’ no Brasil. Como mencionado, existe um universo instalado – 146 mil empresas – 80% delas micro ou pequenas – que, no entanto, devem girar em 2013 R$ 488,2 bilhões.

A maior fatia desse bolo é telecom. A TI fica R$ 86,2 bilhões (17,7%), mas pode crescer. A proposta para isso é que as empresas nacionais invistam no diferencial de estarem mais próximas – e portanto conhecerem melhor – os pequenos clientes, inclusive aqueles que ainda precisam passar por uma modernização tecnológica. De certa forma, diz a Softex, é apostar em uma infinidade de pequenos negócios.

“Para as empresas de capital nacional, as oportunidades encontram-se em mercados de nicho e no atendimento a clientes de pequeno e médio porte, um universo expressivo, em franco crescimento, mas ainda pouco explorado pelas grandes fornecedoras de tecnologia, por questões de escala”, sustenta o estudo. Além disso, o tipo de cliente exigiria um foco diferente.

“O perfil do cliente e as suas restrições de recursos para investimentos em TI e acesso à infraestrutura e equipamentos tendem a limitar a possibilidade de oferta de soluções com alto conteúdo tecnológico (...). [São] clientes que desejam produtos e serviços conhecidos no mercado, com baixa taxa de inovação, embora capazes de provocar impacto importante nos negócios dos clientes e nas cadeias produtivas em que eles se encontram.”

“A grande vantagem competitiva das pequenas e médias empresas de software e serviços de TI não está necessariamente na sua capacidade de realizar inovações tecnológicas, mas na sua competência em interagir com o cliente, compreender a sua realidade, antecipar as suas necessidades e oferecer produtos e serviços que atendam a sua demanda, mais que os oferecidos pelos estrangeiros”, sustenta o recém lançado caderno temático sobre Economia da Informação e Internet.

Em essência, o Observatório Softex defende que as políticas de incentivos saibam enxergar por aí um caminho para fortalecer a TI nacional. “O reconhecimento desses fatos poderia contribuir para orientar as políticas públicas no que tange ao estímulo ao setor de software e serviços de TI”, insiste o documento elaborado pela área de estudos da entidade, que visa promover o desenvolvimento da indústria brasileira de software e serviços de TI.

Assim, o mesmo estudo que avalia que as políticas para semicondutores ainda não deram grandes resultados, sugere metas menos high-tech: “Ênfase especial deveria ser dada à informatização de pequenos e médios estabelecimentos nas cadeias produtivas de maior interesse humano e social, como alimentos, transporte, saúde, educação, comércio, habitação, segurança. O crescimento da TI nacional, assim, estaria como fornecedora “do processo de modernização e reestruturação de cadeias produtivas em setores chaves da economia”.

 O estudo completo sobre a Economia da Informação e Internet pode ser conferido em www.softex.br. Por Luís Osvaldo Grossmann :
Fonte:Convergência Digital 13/08/2013

14 agosto 2013



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